Deputado N’Zau Puna apresenta autobiografia
O nacionalista Miguel Maria N'Zau Puna apresenta amanhã, na Universidade Católica, a sua autobiografia intitulada “Mal me querem - A história de Angola na voz de quem a fez, um testemunho sem meias palavras”.
O livro, com mais de 250 páginas, aborda as longas excursões que o ex-dirigente da UNITA vivenciou, desde a localidade da Jamba (província do Cuando Cubango) a Luanda, passando pela Zâmbia, Tunísia e China.
Miguel Maria N’Zau Puna recorda vivências e peripécias, com destaque para a intimidade com o primeiro presidente da UNITA, Jonas Malheiro Savimbi, o conflito armado, os Acordos de Alvor e de Bicesse e as eleições de 1992, os bastidores da guerrilha, a aliança da UNITA com o regime do apartheid, a paz e a ruptura com a UNITA.
A auto-biografia de N'Zau Puna desvenda, igualmente, “os dramas, massacres e os sonhos de um mundo melhor - as dores de parto de uma Nação”.
O deputado Raul Tati, que fez o prefácio do livro, considerou que a obra, não sendo um compêndio de história, traz subsídios importantes e incontornáveis que podem ser racionalmente aproveitados para a pesquisa historiográfica acometida aos historiadores angolanos. “O livro retrata o perfil de um combatente, ou melhor, usando as suas próprias palavras, de um ‘guerrilheiro da vida’”, considera Raul Tati, para quem o factos narrados na obra demonstram que a vontade de conquistar a liberdade esteve sempre acima de qualquer sacrifício, confirmando assim a intuição de Nelson Mandela “no sacrifice is too great in the struggle for freedom” (nenhum sacrifício é grande demais na luta pela liberdade).
Biografia
Miguel Maria N’Zau Puna nasceu em 1932, em Cabinda. Perseguido pelo colonialismo, exilou-se no Congo-Léopoldville (actual RDC), em 1961, e aderiu à UPA. Passou os anos seguintes a estudar, como bolseiro, na Escola de Agricultura de Moghrane, Tunísia, e na Escola Superior de Cooperação, tendo recebido treino militar na China.
N’Zau Puna combateu de armas na mão desde o primeiro momento, pela independência de Angola, nas fileiras da UNITA, partido de que foi secretário-geral. Foi igualmente comissário político geral das FALA (antiga organização militar da UNITA). Esteve presente nos acordos entre o MPLA e a UNITA de 1974, chefiou a delegação deste partido na tomada de posse do Governo de Transição e participou nos Acordos de Bicesse.
Em 1992, abandonou a UNITA e fundou a TRD (Tendência de Reflexão Democrática). Mais tarde, tornou-se embaixador no Canadá e general (de três estrelas) na reserva. Actualmente é deputado do MPLA.