O combate ao desemprego
Há dias, na província do Zaire, quando interpelado sobre as estratégias do Executivo para combater o desemprego no seio da camada juvenil, o Presidente da República disse que estão a ser desencadeadas iniciativas nesta direcção, tendo salientado a necessidade de os jovens empreenderem. Numa sessão de perguntas e respostas, que reuniu jovens de todas as sensibilidades, numa das salas da capital do Zaire, o Chefe de Estado deu exemplo de jovens presentes, que souberam fazer das dificuldades oportunidades que os transformaram hoje em empreendedores.
Na verdade, quando se olha para o desafio do combate ao desemprego nem todo o ónus deve ser “empurrado” ao Executivo, cuja principal função devia cingir-se na regulação, nos incentivos de natureza fiscal, etc. Numa altura como esta em que esperamos todos por uma presença cada vez mais reduzida do Estado na economia, não faz sentido que se continue a encarar o mesmo como o ente que deve resolver todos os problemas relacionados com o desemprego. Os esforços de desconcentração e descentralização, com várias iniciativas, visam também a dinamização da vida económica das colectividades, cujos membros deverão fazer prova do seu engenho e criatividade na criação de postos de trabalho ou ocupações economicamente rentáveis.
Às instituições do Estado, cabe criar as condições para que os operadores privados consigam sentir-se estimulados a investir para criarem postos de trabalho, sem os pontos de estrangulamento encontrados na componente burocrática. É preciso que quem quiser realizar pequenos investimentos para projectos que envolvam micro ou pequenas empresas, pelo menos e para citar apenas estas, não encontre mais entraves de nenhuma espécie. O processo de “Fazer Negócio”, aqui a tradução do índice do Banco Mundial, que mede os países em que é mais fácil empreender, deve ser o mais facilitado não apenas para viabilizar investimentos externos, mas para potenciar os nacionais.
Para que as expectativas dos jovens, tal como incentivadas pelo Presidente João Lourenço, se efectivem a nível do empreendedorismo é preciso que os mesmos encontrem espaço de actuação que lhes permita combater o desemprego. O desemprego, no quadro das preocupações apresentadas pelos jovens no Zaire, é das situações mais problemáticas que enfrentamos em todo o país e que precisa de medidas efectivas para o seu combate. Precisamos de estratégias e iniciativas que não estejam apenas concentradas no que o Estado pode fazer, mas sobretudo no que os jovens podem fazer, contando com a ajuda do primeiro. Todas as ideias, concepções e projectos são bem-vindos enquanto ponto de partida para retirar os jovens do desemprego, cabendo aos proponentes a busca das melhores orientações, a procura do caminho, legal, institucional e financeiro, mais curto para a sua materialização, entre outros passos. É preciso que os jovens com iniciativas não se desistam, mas é vital que as instituições do Estado tenham sensibilidade e celeridade na correspondência aos desafios impostos pelos primeiros. Uma caminhada lado-a-lado entre os empreendedores e as entidades públicas que lhes podem servir como parceiros é, seguramente, a melhor via para reduzir o desemprego que afecta o segmento maioritário da população.