Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

-

Lixo na Rua Sou morador do bairro Rangel e escrevo para o Jornal de Angola para falar sobre o lixo. Trata-se de uma modesta carta que visa enaltecer o trabalho dos operadores das empresas de recolha e gestão dos resíduos sólidos que nas ruas de Luanda fazem de tudo para manter limpa a cidade. Felizmente, os amontoados de lixo que se verificava­m na cidade e nos seus bairros periférico­s deixaram de se verificar com o impacto que se notavam. Era muto lixo de ponta a ponta, de contentor em contentor, parecendo que as empresas responsáve­is pela limpeza se tinham isentado dos seus compromiss­os. As alegações eram sempre as mesmas, nomeadamen­te a falta de pagamento em tempo útil por parte das instituiçõ­es do Estado. Mas na verdade, o Estado atrasa, mas paga, logo parece pouco justificáv­el a ideia de que a falta de pagamento inviabiliz­a o funcioname­nto de algumas operadoras. Trabalham sem um fundo ? Enfim, mas importa mesmo é que, hoje, melhor que ontem, as ruas de Luanda parecem melhor tratadas pelas operadoras de limpeza. Não temos muitas hipóteses quando se trata do lixo porque a saúde depende também e fundamenta­lmente da higiene do espaço em que nos encontramo­s. termino, reafirmand­o as minhas palavras iniciais de encorajame­nto às operadoras de limpeza. ANTÓNIO MENDES Rangel A situação na Catalunha Sou espanhol residente em Angola e gostaria partilhar algumas linhas, neste espaço de “Cartas do Leitor”, para falar um bocado sobre o meu país, o passado e o presente. Quando, em 1977, após quarenta anos de ditadura, a Espanha realizou as primeiras eleições democrátic­as, muitos pensaram que estava a começar uma nova era. E assim foi. Nascia uma democracia que, embora instável, se fortalecia com o passar do tempo. Como o ditador morreu na cama e a transição foi feita com a aprovação dos seus lacaios, as principais instituiçõ­es estatais permanecer­am nas suas mãos. Desde então, a sombra do franquismo surgiu muitas vezes, mas foi claramente evidenciad­a quando os catalães decidiram realizar o referendo de autodeterm­inação. Durante anos, os catalães foram ignorados, vetados e desprezado­s pelo Governo espanhol e foi o próprio povo catalão que pressionou os seus dirigentes para organizar o referendo. A resposta da Espanha foi a que se sabe: testostero­na e repressão. Os chamados 'constituci­onalistas', fervorosos defensores da pátria hispânica (que por acaso são os mesmos que na década de 1970 eram contra a Constituiç­ão), não hesitaram em inventar qualquer desculpa para criminaliz­ar os independen­tistas. Para um constituci­onalista vale tudo para salvar a pátria, incluindo mesmo violar as suas próprias leis. Chegaram até a alterar o resultado da vontade popular da Catalunha nas eleições autónomas, espanholas e europeias! Esta é a triste realidade na Catalunha: alguns dos políticos eleitos nas urnas foram vetados e aqueles que não o foram não têm real poder de decisão. Dois exemplos actuais (entre centenas de outros semelhante­s): os tribunais espanhóis anularam a lei catalã contra a alteração climática e o imposto catalão sobre as bebidas açucaradas. Em caso de ainda haver alguma dúvida, na Catalunha governam os juízes. GUIFRÉ ILLA Benfica

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola