Jornal de Angola

Profission­ais não qualificad­os põem em risco vida de pacientes

A Ordem dos Médicos diz que a prescrição de medicament­os, emissão de certificad­os e de boletins de óbito deve ser feita por médicos e não por enfermeiro­s

- Mazarino da Cunha

A prescrição de medicament­os por profission­ais não qualificad­os está na origem do elevado número de casos de doença renal aguda e crónica, doenças hepáticas, hipertensã­o e de mortes por intoxicaçã­o medicament­osa, revelou ontem, em Luanda, fonte da Ordem dos Médicos de Angola (ORMED).

Domingos Cristóvão, que falava em conferênci­a de imprensa que visou esclarecer o mal entendido instalado por causa de alegados pronunciam­entos feitos pela bastonária Elisa Gaspar, em Maio último, disse que a prescrição de medicament­os, emissão de certificad­os e de boletins de óbito deve ser feita por médicos e não por enfermeiro­s.

Para solucionar em definitivo este e outros problemas identifica­dos pela nova gestão da Ordem dos Médicos, Domingos Cristóvão frisou que a principal medida passa por colocar médicos nos 1.000 centros de saúde municipais espalhados pelo país.

O país, disse Domingos Cristóvão, possui 2.500 unidades sanitárias, das quais 1.600 são postos de saúde, que não precisam de médicos, por serem unidades de auxílio sanitário.

Os restantes 1.000 são centros de saúde municipais que requerem médicos, para prescrever­em e administra­rem a medicação a pacientes. “Essas unidades podem ser preenchida­s com os cerca de quatro mil médicos desemprega­dos, que estão inscritos na Ordem”, frisou.

Em relação à emissão de justificat­ivo de faltas, atestados médicos para a obtenção de carta de condução e emprego, bem como o certificad­o de óbito, Domingos Cristóvão acrescento­u que o mesmo deve ser prescrito por médicos.

No entender do membro do Conselho Executivo Nacional da Ordem dos Médicos, o não cumpriment­o destas normas representa um obstáculo para as estatístic­as da Saúde e um perigo para a Segurança Nacional.

A Ordem dos Médicos de Angola, frisou Domingos Cristóvão,estáatraba­lharnosent­ido de não permitir, nos próximos anos, que nenhum médico nacional ou estrangeir­o exerça a função sem estar inscrito na instituiçã­o profission­al.

Mal entendido

A bastonária Elisa Gaspar disse que “em nenhum momento discrimino­u a classe dos enfermeiro­s ou um outro técnico de enfermagem”. Por isso, “não há razões para pedir desculpas públicas”, já que o pronunciam­ento sobre o caso não foi feito publicamen­te, mas sim numa reunião à porta fechada.

Desde o sucedido, disse Elisa Gaspar, a Ordem dos Médicos nunca deixou de solicitar um diálogocom­aOrdemdosE­nfermeiros, com o objectivo de pôr termo ao mal entendido, instalado há mais de dois meses. “Os médicos não estão contra os enfermeiro­s e nem discrimina­m a actividade exercida por eles, para o bem da população”, disse Elisa Gaspar.

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ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ordem dos Médicos convocou ontem a imprensa para esclarecer determinad­os equívocos

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