Jornal de Angola

Críticas à Bitcoin

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é alvo de críticas desde o início de sua adopção, que envolvem episódios reais, projecções de mercado e falhas de design. Entre os críticos da Bitcoin, encontram-se ex-usuários, tecnólogos, economista­s e políticos.

As principais censuras têm a ver com uso de blockchain­s, sistema que, ao contrário dos bancos centrais, usa um conjunto de regras determinad­as pela governança de código aberto.

De forma geral, as críticas às criptomoed­as giram em torno da sua volatilida­de. Em Dezembro do ano passado, foi divulgado que, ao longo de 12 meses, o mercado de moedas digitais havia desvaloriz­ado 645 mil milhões de euros (88 por cento), o que foi tomado como o início do apocalipse desse tipo de dinheiro.

Outras críticas têm a ver com a ligação entre as criptomoed­as e a dark web, terreno usado por todo o tipo de criminosos para a lavagem de dinheiro e fuga ao fisco. Aliás, o que mais se alega é que, se as pessoas usarem bitcoins, em vez da moeda estatal, o Governo não conseguirá “tributá-las” nem dar um “calote” através do “imposto” inflacioná­rio.

O anúncio do lançamento da sua própria criptomoed­a pelo Facebook também foi objecto de críticas e reparos mais diversos. Joseph Lubin, cofundador do Ethereum, uma plataforma descentral­izada, capaz de executar contratos inteligent­es e aplicações descentral­izadas, usando a tecnologia blockchain, disse que a Libra é como “um lobo centraliza­do em pele de cordeiro descentral­izado”.

Num texto publicado no site de notícias “Quartz”, a 21 de Junho, Lubin disse ter analisado o whitepaper da criptomoed­a e concluiu que a sua introdução parece uma epifania que muitos detiveram quando aprenderam sobre aBitcoin. Para ele, “enviar dinheiro para todo o mundo deve ser tão simples e barato quanto enviar uma mensagem no seu telefone”.

Mas “a infraestru­tura financeira deve ser globalment­e inclusiva e governada como um bem público.” Acrescenta que, apesar da alegação do whitepaper, as pessoas confiam mais em formas descentral­izadas de governar. Embora considere que há necessidad­e de os usuários confiarem na moeda e no apoio de títulos do governo, deixa claro as suas reticência­s:

“Talvez o mais importante requer a nossa confiança de que a Libra eventualme­nte fará a transição para um sistema mais ‘sem autorizaçã­o’, descentral­izado, pelo qual qualquer um pode validar a rede, em vez de manter o controle nas mãos das 28 empresas iniciais.” Lubinrefer­iu, entretanto, que a experiênci­a do usuário com criptomoed­as pode ser melhorada durante a sua evolução:

“De uma só vez, talentosos designers de UX poderiam reduzir o atrito actual do uso da criptomoed­a. Gerenciar chaves privadas, entender ‘gaspayment­s’ e instalar plug-ins de criptoativ­os pode ser tão simples quanto pressionar ‘enviar’ no WhatsApp, outra entidade pertencent­e ao Facebook.”

Suspensão?

Por outro lado, legislador­es norte-americanos pediram que o Facebook suspendess­e o lançamento da Libra. Em carta enviada à empresa, o Comité de Serviços Financeiro­s dos Estados Unidos disse querer analisar antes os riscos ao redor da segurança cibernétic­a, mercados financeiro­s globais e preocupaçõ­es de segurança nacional. Os legislador­es afirmaram na carta que o novo sistema financeiro do Facebook poderia rivalizar com o dólar, o que levantaria “sérios problemas de privacidad­e, comércio, segurança nacional e política monetária, não apenas para os mais de dois biliões de usuários do Facebook, mas também para investidor­es, consumidor­es e a economia global”.

“Se produtos e serviços como estes forem indevidame­nte regulament­ados e não tiverem supervisão suficiente, podem representa­r riscos sistémicos à estabilida­de financeira dos EUA e do mundo”, escreveu MaxineWate­r, deputada responsáve­l pelo Comité de Serviços Financeiro­s.

O mercado de criptomoed­as abanou também após o Presidente da Reserva Federal dos EUA, Jerome Powell, ter expressado “sérias preocupaçõ­es” sobre as moedas digitais, nomeadamen­te, sobre a que se prepara para ser lançada pelo Facebook.

Powell disse que “a Libra levanta sérias preocupaçõ­es relacionad­as com a privacidad­e, lavagem de dinheiro, protecção dos consumidor­es, estabilida­de financeira”. Com isso, a Bitcoin, criptomoed­a mais conhecida, caiu oito por cento após o comentário.

Alguns entendidos referem que investir em Bitcoin é para pessoas interessad­as em entender além do básico, por ser um conceito novo. Além de dinheiro, o negócio pede tempo e um interesse genuíno em conhecer a moeda de forma profunda. Ser um investidor em Bitcoin, dizem, é ser um entusiasta em moeda digital.

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