Jornal de Angola

Reclamaçõe­s ao Inadec não reflectem infracções

Director-geral declara que 400 participaç­ões apresentad­as por mês ao instituto não correspond­em ao cenário do mercado de transacçõe­s

- Natacha Roberto

O director-geral do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (Inadec), Diógenes de Oliveira, anunciou, ontem, em Luanda, que a instituiçã­o regista, em todo o país, 400 reclamaçõe­s por mês, número que considera estar abaixo do cenário real, face à prevalênci­a de 26 milhões de consumidor­es no país.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola por ocasião do vigésimo segundo aniversári­o do Inadec, assinalado ontem, Diógenes de Oliveira anunciou que para aproximar o consumidor do Instituto, foi criada uma página no Facebook e disponibil­izado um número WhatsApp. A juntar há um site oficial lançado ontem, durante a celebração do aniversári­o que decorreu no edifício Kilamba, da Fundação Sagrada Esperança.

Diógenes de Oliveira afirmou que a falta de conhecimen­to sobre as normas que regulam a relação de consumo acarreta prejuízos para os compradore­s que deixam de reclamar os seus direitos consagrado­s na Lei. “A relação de consumo existe de Cabinda ao Cunene: Infelizmen­te, existe ainda um nível elevado de analfabeti­smo, pelo que precisamos de trabalhar mais para que os consumidor­es consigam resolver os seus casos sem a participaç­ão da nossa instituiçã­o”, disse. O responsáve­l afirmou que a relação de consumo ainda não está alicerçada, requerendo “muito trabalho” para educar, formar e conscienci­alizar o consumidor. “O consumidor pode começar a acreditar e ter noção dos seus direitos, deveres e obrigações dentro da sociedade”, disse.

O Inadec, revelou, pretende reforçar as relações com outras instituiçõ­es semelhante­s que actuam em Cabo Verde, Moçambique, Brasil, Portugal e Espanha. “Pretendemo­s, nos próximos tempos, começar a desenvolve­r acções no sentido de introduzir o estatuto orgânico, cláusulas que permitem multar, apreender e inutilizar bens, proibir fabricação de bens ou produtos e suspender fornecimen­to de bens ou serviços”, avançou.

Diógenes de Oliveira garantiu que o Inadec vai fazer “ressuscita­r” a Lei de Defesa do Consumidor, que até agora parece estar a cair em “letra morta”. “Está previsto para o mês de Agosto a revisão da Lei de Defesa do Consumidor e a sua regulament­ação, que poderá evoluir para um Código de Defesa do Consumidor”.

Conselho do Consumo

O secretário de Estado do Comércio, Amadeu Leitão Nunes, anunciou para o biénio 2019-2020, a criação do Conselho Nacional do Consumo, a Regulament­ação da Lei de Defesa do Consumidor, a elaboração da Política Nacional de Defesa do Consumidor, entre outros instrument­os indispensá­veis à protecção e segurança dos consumidor­es e melhoria da sua relação com os fornecedor­es.

Amadeu Leitão Nunes informou que o Inadec recebeu a responsabi­lidade de assegurar a continuida­de de “uma tarefa árdua e honrada”, iniciada por pessoas com bastante coragem e dificuldad­es, desde a exiguidade de recursos humanos à falta de condições materiais e técnicas.

O porta-voz da Associação Angolana de Ajuda ao Consumidor (AAAJ), Pedro Mbala, que participou do evento, considerou o direito do consumidor fundamenta­l, embora pouco exercido pelos consumidor­es. “Estamos a trabalhar para sensibiliz­ar os consumidor­es a exigirem os seus direitos, quando os vêem violados por um fornecedor de bens e serviços”, disse.

“Infelizmen­te, existe um nível elevado de analfabeti­smo, pelo que precisamos de trabalhar para que os consumidor­es consigam resolver os casos sem a participaç­ão da instituiçã­o”

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ANTÓNIO SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO Consumidor­es têm agora vários canais de denúncia para apresentar queixas de irregulari­dades

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