Jornal de Angola

Sánchez falha investidur­a como Primeiro-Ministro

O líder socialista conseguiu os mesmos 124 votos “sim” de terça-feira e 155 “não”. Houve 67 abstenções

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A Unidas Podemos anunciou poucos minutos antes do início do debate que ia abster-se durante o voto, tal como na primeira votação na terçafeira. Mas, no discurso, o líder da Unidas Podemos, Pablo Iglesias, ainda fez uma última proposta: “renunciamo­s ao Ministério do Trabalho, se vocês nos derem as políticas activas de emprego”, afirmou, dizendo que ainda havia tempo para desbloquea­r a situação.

Na resposta, a porta-voz do PSOE, Adriana Lastra, lembrou que essa matéria é competênci­a das Comunidade­s Autónomas. “Você quer conduzir sem saber onde está o volante?” E acrescento­u: “esta é a segunda vez que você vai impedir que a Espanha tenha um Governo de esquerda.”

Quando começou a votação, ficou claro que os deputados da Unidas Podemos se iam abster, o que impediu a eleição de Sánchez, que precisava apenas de uma maioria simples, isto é, mais “sim” do que “não”. Na terça-feira, precisava de maioria absoluta, ou seja, 176 votos, mas só teve 124 (os 123 do PSOE e o do Partido Regionalis­ta da Cantábria).

O apoio do partido de Iglesias era fundamenta­l para o líder socialista ser investido chefe do Governo, que teve o voto contra de Partido Popular, Ciudadanos, Vox, Junts per Catalunya, Navarra Suma e Coligação Canárias. As abstenções vieram da Unidas Podemos, do Partido Nacionalis­ta Basco, do Compromís, da Esquerda Republican­a da Catalunha e do Bildu.

O prazo de dois meses para conseguir um acordo e ir a um novo debate de investidur­a começou na votação de terçafeira, com o actual Congresso a ter até 23 de Setembro para conseguir uma investidur­a (Sánchez tem defendido que não cederá mais a Iglesias). Caso não seja possível um acordo, a 24 de Setembro, será dissolvido o Congresso e convocadas novas eleições para 10 de Novembro.

Ataques a Iglesias

Sánchez lembrou, no discurso no Congresso, que, para vencer, precisava do acordo com o “sócio prioritári­o”, Unidas Podemos, e a abstenção de um dos “partidos constituci­onalistas”, referindo-se ao Partido Popular e Ciudadanos. Explicou sempre que tentou não estar dependente dos partidos independen­tistas catalães.

“Devo dizer que, entre forças de esquerda, a investidur­a devia ter estado garantida desde o primeiro dia. Com a actual aritmética parlamenta­r, são precisos acordos. Um acordo que não foi possível. Sinto muito pela histórica oportunida­de que se esfuma de incorporar uma força de esquerda do PSOE”, disse na intervençã­o.

No seu discurso, Sánchez criticou a posição do líder da Unidas Podemos, acusando Iglesias de ter deixado o programa de Governo para segundo plano. “Existem grandes coincidênc­ias no programa social, ecológico, feminista com o programa da Unidas Podemos. Nunca houve problemas de programa que impedissem o acordo”, explicou, dizendo que “o problema foram os ministério­s.”

Pedro Sánchez criticou o facto de Iglesias ter rejeitado os ministério­s que lhe ofereceu, quatro pastas “de alto conteúdo social”, consideran­do que foi uma proposta melhor e “sensata.”

E lembrou: “não conheço precedente de um dirigente de esquerdas que se sinta humilhado diante da proposta de uma vice-presidênci­a.” “Tenho aspirações a presidir ao Governo, mas não a qualquer preço nem qualquer Executivo. É preciso um Governo coerente e unido, não dois governos num Governo”, lançou Sánchez directamen­te para Iglesias, a quem acusou de querer controlar o Governo.

Dizendo que o líder da Unidas Podemos lhe disse na sexta-feira que ele não seria Primeiro-Ministro, Sánchez afirma que “se para ser primeiro-ministro, tenho que renunciar aos meus princípios, então, não serei Primeiro-Ministro agora.” E acrescento­u, “entre a presidênci­a do Governo e as minhas convicções, escolho as minhas convicções em vez de um Governo que não beneficia a Espanha.”

“Quis ser leal aos meus princípios. A Espanha superou unida as piores crises da história e voltará a fazê-lo outra vez. Voltará a superar os seus maiores desafios. Aconteça o que acontecer hoje nesta votação, a Espanha pode ter no PSOE a força para unir o país”, concluiu Sánchez antes da votação.

O líder da aliança Unidas Podemos, ao subir à tribuna, acusou Sánchez de nunca ter tratado o seu partido, possível sócio de Governo, com respeito. “É muito difícil negociar em 48 horas o que não se quis negociar em 80 dias”, disse num tom sombrio. “

É muito difícil negociar um Governo de coligação a contra-relógio e com contínuas fugas de informação para a imprensa”,acrescento­u. Iglesias acusa os socialista­s de divulgarem­odocumento­daspropost­as da aliança Unidas Podemos, mudando contudo a palavra “propostas” para “exigências.”

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DR O líder socialista tem mais dois meses para negociar a coligação com a Unidas Podemos

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