Acervo são-tomense está exposto na Bienal
Artistas lusófonos apresentam novas propostas estéticas ao público até amanhã no Museu de História Militar
Os aspectos mais marcantes da cultura são-tomense, designadamente a música,estão entre os destaques das várias propostas que a delegação daquele país trouxe para apresentar ao público na IX edição da Bienal dos Jovens Criadores da CPLP, que decorre até amanhã, no Museu de História Militar, em Luanda.
O chefe da delegação são-tomenses, Tanyel Viegas, afirmou, ontem, ao Jornal de Angola, que o seu país está bem representado e vai aproveitar a bienal para dar a conhecer os mais variados estilos de músicas originais, com realce para o “samba-socopé” e algumas danças tradicionais locais, como a “Anka”, a ser apresentada pela Companhia de Dança Inclusiva.
Outros símbolos essenciais das suas artes, como a puita, ússua, deixa, rumba e tafua, também estão a atrair inúmeros visitantes, curiosos em conhecer mais sobre a cultura de São Tomé e Príncipe.
As belas artes também têm encantado os visitantes. A maioria dos quadros expostos reflectem, de certo modo, a História, os hábitos e costumes daquele país, numa forma clara de mostrar que os jovens criadores são-tomenses continuam a apostar na qualidade dos trabalhos para conquistarem mercados mais competitivos.
O cacau, um dos símbolos representativos e motor da economia do arquipélago é, também, disse Tanyel Viegas, um dos “cartões de visita” do país na bienal, assim como o famoso “Peixe Voador”, outro produto de São Tomé muito valorizado.
Apesar do país ter criado condições para se fazer representar condignamente nesta edição da bienal, Tanyel Viegas espera um maior número de visitantes da sua comunidade. “Gostaríamos de ver mais contemporâneos são-tomenses na bienal, porque podem voltar a ter contacto com as suas raízes.”
Este ano, acrescentou, São Tomé participa na bienal com vários jovens criadores, entre os quais despontam nomes como Gimanicy Ing, cujos poemas destacam a sustentabilidade, a inclusão social e diversidade da cultura são-tomense.
Para a autora, a bienal está a ser uma oportunidade única de trocar experiência com os jovens e debater mais os problemas que afectam a classe, em especial os ligados à comunidade de língua portuguesa.
“Gostaríamos de ver mais contemporâneos sãotomenses na bienal, porque podem voltar a ter contacto com as raízes”
Pela segunda vez numa bienal, a poetisa chamou especial atenção para a participação dos escritores em encontros do género, pelo papel que a literatura tem na educação da sociedade, em especial dos problemas ligados à juventude, como a delinquência, sexualidade, gravidez, alcoolismo e drogas.
Natureza
Portugal, outro convidado desta edição da bienal, também apresentou várias propostas temáticas, na sua maioria focada na sua cultura e na influência desta na comunidade de língua portuguesa. Um dos atractivos que apresentou foi a exposição sobre os hábitos da ave Calopsitas e de outras da família Cacatuidae, de forma a chamar atenção à relação entre homens e animais.
Com grande enfoque nas relações simbólicas neutras e positivas, o stand de Portugal tem ainda patente uma exposição fotográfica de Victor Malva, baseada nas influências e contornos da luz nas artes.
Apesar de ter formação em Arquitectura, Victor Malva é um dos artistas portugueses que actualmente realiza muitos trabalhos nas áreas das artes plásticas e visuais. A sua paixão pela fotografia surgiu aos 17 anos e hoje é um dos nomes de referência convidados para a bienal, pela natureza do trabalho, sempre pautado pela exploração da imprevisibilidade.