História e vantagens do CFB
O Caminho de Ferro de Benguela (CFB) tem mais de 100 anos de história. A sua construção, com origem numa Lei de Agosto de 1899, foi iniciada a 1 de Março de 1903 e concluída a 2 de Fevereiro de 1929.
Com o fim do conflito armado o Governo de Angola, começou a recuperação da infraestrutura em 2001. A reconstrução foi levada a cabo por uma empresa chinesa e a reabertura oficial aconteceu em 2015, com locomotivas da General Electric e vagões chineses.
O CFB tem uma extensão de cerca 1300 quilómetros, do Lobito ao Luau. A última viagem de comboio para este município foi realizada em 1983, enquanto para a fronteira com a RDC aconteceu pela última vez em 1981. O percurso até ao Luau tem cerca de 67 estações e apeadeiros.
Esta via férrea foi reabilitada com o objectivo de reduzir para metade o tempo de viagem, entre o Porto do Lobito e países como o Congo Democrático e a Zâmbia. Porém, o Corredor do Lobito ainda não surtiu os efeitos económicos esperados, tendo em conta os vários milhões de dólares investidos para a sua operacionalidade.
“O investimento foi feito precisamente para potenciar o CFB em meios e homens, a fim de melhor servir o Corredor do Lobito. É possível que este tipo de viagem turística desperte o interesse dos empresários estrangeiros em fazer uso deste importante veículo”, augurou o professor universitário José Bocassa.
“A viagem de comboio possibilita um contacto mais directo com a realidade, facto que permitirá aos turistas um conhecimento mais profundo da região. Com partida no Porto do Lobito, o Corredor atravessa o território angolano em direcção ao Leste e cruza as regiões mineiras da República Democrática do Congo, na província de Katanga, e a cintura do cobre (copperbelt) na Zâmbia”, elucidou José Bocassa.
A ligação ferroviária entre o Oceano Atlântico e o Leste de Angola pode favorecer vários sectores da economia, sobretudo a agricultura e a indústria de construção. Potencia igualmente a criação de novas empresas, ao longo do trajecto. As famílias que residem ao longo da linha férrea já podem escoar os seus produtos agrícolas, o que contribui para a redução do índice de pobreza no meio rural.
Com a abertura da linha férrea Lobito-Luau, da província de Benguela pode sair com regularidade o peixe e o sal para os consumidores de toda região do Planalto Central e além-fronteiras.
“Nas áreas mais remotas do Leste do país, onde até agora não havia estradas e onde a viaférrea foi reconstruída, as pessoas podem agora encaminhar a produção agrícola, para vender nos municípios e províncias vizinhas. O potencial é enorme. Se houver uma indústria de transformação de alimentos, podem usar a viaférrea para enviar os produtos para as cidades, para a Costa e até para exportação”, concluiu o docente universitário.