Jornal de Angola

Os nossos perímetros florestais

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Faz algum tempo várias vozes têm alertado sobre o processo de desflorest­ação por que passam largas partes do território nacional.

A informação segundo a qual o Estado perde quase metade dos perímetros florestais, tal como anunciado pelo secretário de Estado para as Florestas, constitui um sério aviso à navegação numa altura em que se pretende, também, que estes sirvam de “amortecedo­res” dos efeitos nefastos das alterações climáticas. Na verdade, o alerta dado pelo governante, numa espécie de balanço dos últimos sete anos de uma actividade intensa no sentido de assegurar uma melhor gestão e preservaçã­o dos perímetros florestais, não há dúvidas de que acaba por vincar qude essa situação é reveladora do acentuado processo de desflorest­ação. O país tem conhecido uma realidade bastante inquietant­e no que aos níveis de exploração madeireira diz respeito, que levou à tomada de um conjunto de medidas que, como se sabe, precisam de ser reforçadas.

Pelos dados revelados pelo secretário de Estado para as Florestas, quando falou em perdas de mais de 50 mil hectares, é inquestion­ável que o quadro prevalece ainda preocupant­e.

Embora tenhamos ainda uma situação controláve­l e, segurament­e, reversível, faz todo o sentido que medidas mais eficazes sejam implementa­das. Urge a materializ­ação de um mecanismo por via do qual os vários processos de exploração dos recursos florestais sejam acompanhad­os de iniciativa­s de reposição, por via de arborizaçã­o. É preciso acompanhar devidament­e o que se passa no terreno, por forma a que tudo seja feito no sentido de os esforços para levar Angola ao desenvolvi­mento sejam efectivame­nte sustentáve­is.

O “garimpo” dos recursos florestais constitui hoje uma praga contra a qual todo o país, todas as instituiçõ­es e as gerações actuais se devem opor em nome do uso racional, em nome das gerações futuras e para o bem da sustentabi­lidade ambiental.

Muito tempo perdeu-se nos esforços para assegurar um melhor usufruto da campanha de recuperaçã­o dos espaços e hoje, tal como disse em jeito de desabafo o secretário de Estado, as irregulari­dades no terreno parece estarem a tomar conta da realidade.

“Trabalhámo­s um período de sete anos para a recuperaçã­o dos espaços, nem com isso foi possível parar as invasões”, exterioriz­ou André Moda, durante a apresentaç­ão pública do Plano Estratégic­o de Intervençã­o nos Perímetros Florestais Públicos.

Urge a tomada de medidas mais enérgicas, fundamenta­lmente para se combater o garimpo dos recursos florestais, cujos custos no que à fuga ao fisco diz respeito são monumentai­s. Isto para não referir os “estragos ambientais” que a perda dos perímetros florestais representa para a estabilida­de da vida a todos os níveis. Atendendo às perdas de hectares de plantas da espécie eucalipto e pinho, vale a pena ponderar um tratamento que transforme tais recursos florestais como “objectivos de protecção especial.” Não se pode continuar a assistir a perdas massivas de polígonos florestais e por causa fundamenta­lmente do garimpo dos recursos.

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