Médio Oriente
Os países que, ultimamente, se hostilizam, nomeadamente, os Estados Unidos e o Irão, parece estarem a ensaiar uma nova forma de coexistência, embora nem sempre pacífica. Em todo o caso, julgo que o Presidente Trump, apesar da sua imprevisibilidade, está a dar a ideia clara de ser um “ente racional” na condução da política externa. Há dias, houve um debate promovido pela CNN, cadeia de televisão por cabo com sede em Atlanta, capital do Estado da Géorgia, em que os intervenientes dividiamse na comparação de Donald Trump com Ronald Reagan ou Barack Obama.
Diz-se que o primeiro gosta de se identificar e de ser identificado com um líder semelhante a Ronald Reagan, na condução da política externa, em vez de ser aproximado a Barack Obama, com o qual muitos o associam sobretudo desde que, à última da hora, tinha cancelado um ataque militar ao Irão em represália pelo abate do drone norte-americano.
Mas Trump soube defender-se ao alegar que não havia racionalidade, nem proporcionalidade, atendendo que o ataque podia causar danos que em nada seriam comparáveis às pretensas razões que o fundamentam. Fez bem e acho que está na hora das duas partes ganharem coragem para, “olhos nos olhos”, sentarem-se sob a mesma mesa para conversar. Aliás, parece que os dois lados até têm predisposição para conversar, mas as sanções americanas, para promover um ambiente favorável às negociações, são contraproducentes. Acho que a retórica iraniana também não ajuda e acho que a ONU devia jogar um papel mediador. Não entendo como é que António Guterres e a sua organização continuam surdos. AURÉLIO CAMPOS Chicala II