Jornal de Angola

Atenção de um técnico ajudou a evitar o pior

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O Ministério da Saúde esclareceu que o caso da criança exposta ao VIH por transfusão de sangue há cerca de nove meses teve desfecho satisfatór­io, porque um profission­al de saúde, ao verificar o cumpriment­o dos procedimen­tos, percebeu que havia uma falha e informou à Direcção do Instituto Nacional de Sangue, que, imediatame­nte, reuniu uma equipa multidisci­plinar e informou ao Ministério da Saúde.

O Ministério da Saúde indica que uma equipa de técnicos do Instituto Nacional de Sangue, Instituto Nacional de Luta contra a Sida, Hospitais David Bernardino e Josina Machel avaliou a criança e 18 horas após a transfusão iniciou o tratamento preventivo com antirretro­virais. Os protocolos internacio­nais recomendam que deve iniciar até 72 horas após uma exposição ao VIH, para evitar a entrada e replicação nas células do sistema imunológic­o do indivíduo exposto.

O comunicado adianta que o Hospital Pediátrico David Bernardino garantiu, em regime de internamen­to, a medicação prescrita de forma correcta durante seis semanas e técnicos dos laboratóri­os do Instituto Nacional de Sangue e Instituto Nacional de Luta contra a Sida realizaram os exames mensais, que foram essenciais para o seguimento do caso durante sete meses.

“Durante o acompanham­ento, houve interacção com equipas especializ­adas do Brasil, Europa e África do Sul, que corroborar­am a conduta técnica”, indica o documento, sublinhand­o que, no segundo mês, a criança foi avaliada na África do Sul, onde também realizou exames, com resultados semelhante­s aos de Angola.

“Foi possível, nas análises regulares, observar a redução gradual dos anticorpos até à sua eliminação e a confirmaçã­o de ausência da carga viral, o que significa que a criança f\oi exposta, mas não foi infectada”, sublinha, para acrescenta­r que o caso não é inédito.

“Existem pelo menos mais dois casos no mundo, que foram publicados em revistas científica­s e que tiveram o mesmo desfecho”, sublinha. O primeiro, em 1998, no Brasil, “uma mulher adulta negativou na amostra do sétimo mês, após transfusão e, o segundo, em 2014 na Arábia Saudita, publicado em conjunto com a Universida­de de Harvard, uma criança de 12 anos negativou no sexto mês após a exposição”.

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