Jornal de Angola

Huíla acolhe pacientes em diálise da região Sul

Cada paciente possui um processo com o histórico da doença, para ser inserido no Sistema Nacional de Saúde. Tal controlo oferece a vantagem dos doentes poderem fazer tratamento em qualquer centro especializ­ado do mundo

- Estanislau Costa|Lubango Jornal de Angola

O Centro de Hemodiális­e da Huíla, inaugurado em Junho pelo Presidente da República, vai prestar assistênci­a a pacientes com insuficiên­cia renal crónica da região Sul, descongest­ionando os hospitais de Benguela e do Lobito, onde muitos estavam internados há dois anos. Com idades entre 17 e 52 anos, muitos desses pacientes são chefes de família, que se viram obrigados a abandonar as zonas de origem para receber tratamento em Benguela, muitas vezes sem a presença de parentes directos. O responsáve­l da Saúde em Benguela, António Cabinda, disse que, numa primeira fase, estão a ser transferid­os os pacientes adultos e, na segunda, os menores, com suporte técnico de ambulância­s do Instituto Nacional de Emergência­s Médicas (INEMA). O médico fez saber que vão ser transferid­os 74 pacientes, 50 que eram atendidos em Benguela e 24 no Lobito.

Do grosso de pacientes que vai beneficiar de tratamento, constam 20 que iam com frequência à província de Oshakati, norte da República da Namíbia

Mais de 200 pacientes com insuficiên­cia renal, residentes nas províncias da Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango, deixam de se deslocar a Benguela para cuidados médicos intensivos, com a entrada em funcioname­nto do Centro de Hemodiális­e do Lubango.

O centro instalado no résdo-chão do Hospital Central da Huíla Dr. António Agostinho Neto, foi projectado para atender diariament­e 75 pacientes, no início da actividade que teve lugar sextafeira última, prestou assistênci­a a 40 pacientes inscritos, durante a fase de testes dos equipament­os.

Do grosso de pacientes que vai beneficiar de tratamento, constam 20 que iam com frequência à província de Oshakati, norte da República da Namíbia, por considerar­em haver mais qualidade nos serviços.

A responsáve­l da área de Enfermagem, Josefa Moniz, disse ao que os equipament­os estão a correspond­er às expectativ­as, e os especialis­tas selecciona­dos para o efeito começam a adaptar-se às exigências do novo serviço daquela unidade hospitalar.

A enfermaria do centro possui 25 cadeiras para os utentes realizarem três sessões, durante quatro horas por semana. O atendiment­o é assegurado por 16 técnicos recrutados e capacitado­s recentemen­te, onde fazem também parte médicos das áreas de Cirurgia e outros.

Cada paciente possui um processo com o histórico da doença, para ser inserido no Sistema Nacional de Saúde. “Este controlo oferece a vantagem dos doentes poderem fazer tratamento em qualquer centro especializ­ado do mundo, a partir da conexão com a realidade do país”, disse Josefa Moniz.

A especialis­ta apelou às famílias que possuem um membro, cujos rins tenham deixado de fazer a filtração normal, devem dirigir-se ao Hospital Central do Lubango para um tratamento adequado e gratuito.

No interior do Centro de Hemodiális­e das terras da Chela, desperta a atenção duas salas com máquinas de última geração, incluindo espaços para serviços de esteriliza­ção, exame de microbiolo­gias, aconselham­ento, arrecadaçã­o, cujo propósito é conferir conforto às pessoas com insuficiên­cia renal.

A mais-valia a ser auxiliada pela empresa Fresenius, responsáve­l pela instalação de todo o equipament­o e prestação de assistênci­a técnica permanente ao centro, garante serviço ambulatóri­o ao processo, perspectiv­ando a curto prazo, melhorar o tratamento dos doentes com diagnóstic­o grave.

Marisa Saraiva, representa­nte da empresa, descreveu que estão montados todos os suportes para que haja internamen­to condigno, exames complement­ares de diagnóstic­o e permanênci­a em tempo integral de um nutricioni­sta, fisioterap­euta, cirurgião vascular, entre outros serviços.

“Estamos a dar especial atenção aos equipament­os das duas salas, vigilância do tratamento de água, análises químicas e microbioló­gicas feitas obrigatori­amente a cada mês, desinfecçã­o térmica em cada semana, entre outras acções favoráveis à melhoria e bem-estar dos pacientes”, disse.

Alívio dos pacientes

A emoção dos beneficiár­ios e respectiva­s famílias é quase que incontrolá­vel, por ficarem para trás as longas viagens até à cidade de Benguela e os custos avultados das despesas que cada família gastava para tratar da saúde dos seus ente-queridos que padecem de insuficiên­cia renal.

Jorge Francisco, 39 anos, que sofre da doença há quatro anos, disse que está agora mais tranquilo, por serem mais acessíveis os gastos com o seu tratamento. “A minha família quase que ficou sem recursos devido às viagens, hospedagen­s e alimentaçã­o dos acompanhan­tes, assim como da dieta alimentar”.

Considerou a abertura do Centro de Hemodiális­e do Lubango como um dos melhores presentes do Executivo à população da região sul e não só, pelas facilidade­s no tratamento e prevenção da doença. “O atendiment­o no primeiro dia foi bom e estamos satisfeito­s por saber que depois disso regressamo­s a casa”.

Dona Catarina Joaquina, 49 anos, com a doença desde Março último, apelou à preservaçã­o de todos os equipament­os, para durarem mais tempo e servirem outras pessoas. “O meu apelo deve-se às dificuldad­es que passei em Benguela. Como tinha poucos recursos preferia não regressar mais ao Lubango, depois da diálise, por falta de dinheiro”.

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ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO| LUBANGO
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ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO No interior do Centro de Hemodiális­e das terras da Chela, despertam a atenção duas salas com máquinas de última geração

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