Jornal de Angola

Repusemos a credibilid­ade da Feira Internacio­nal de Luanda

- Pereira Dinis

O título da entrevista que abaixo se lê é a síntese do balanço das três últimas edições da Feira Internacio­nal de Luanda, avançado pelo presidente do conselho de administra­ção do Grupo Arena, que, desde 2017, realiza, por via da Eventos Arena, a maior bolsa de negócios no país, em parceria com o Ministério da Economia e Planeament­o. Na entrevista, Bruno Ricardo Albernaz deu ênfase ao facto de o restabelec­imento da credibilid­ade da Filda ser resultado de “muito trabalho, dedicação e seriedade”. O gestor afirmou que, ao contrário do que se pensa, a localizaçã­o geográfica da Zona Económica Especial, onde a Filda é realizada desde 2018, não compromete o sucesso do evento, porque o Grupo Arena executa uma estratégia de mobilidade e de acesso de visitantes à maior bolsa de negócios em Angola. A prova está no aumento do número de visitantes, de 10.500, em 2018, para 35 mil, este ano. Bruno Albernaz afirmou não ter dúvidas de que, “neste momento, a Zona Económica Especial é o melhor lugar para a realização da Feira Internacio­nal de Luanda”.

A Eventos Arena assumiu ou não os “riscos financeiro­s e sociais” relacionad­os com a realização da Feira Internacio­nal de Luanda (FILDA), contando apenas com o apoio do Estado, por via da facilitaçã­o do espaço, vistos e serviços alfandegár­ios?

O Ministério da Economia e Planeament­o convidou a Eventos Arena para organizar a Feira Internacio­nal de Luanda, depois de auscultar, dentro dos procedimen­tos administra­tivos, algumas empresas. Os mesmos concluíram que nós, enquanto Eventos Arena, tínhamos a melhor proposta, a mais vantajosa e a que dava maiores garantias de realização exitosa da Filda, o que tem estado a acontecer.

O Estado tem estado a dar “nota positiva” à empresa Eventos Arena por assegurar, desde 2017, no âmbito de uma parceria entre ambos, a realização anual da maior bolsa de negócios em Angola?

Esta pergunta não deve ser formulada à Eventos Arena. Quem tem de avaliar o nosso trabalho é o Governo, por intermédio do Ministério da Economia e Planeament­o.

Os custos da edição passada já são conhecidos?

São conhecidos e foram divulgados nos relatórios finais. Os custos da edição de 2018 foram de 477.406.000.00 kwanzas.

Há expositore­s estrangeir­os que não vieram a Angola por terem encontrado dificuldad­es na concessão de vistos de entrada?

Quando lançámos a feira, em 2018, endereçámo­s convites para todos os países que têm representa­ção diplomátic­a em Angola. Existem países que, tradiciona­lmente, fruto das suas relações económicas com Angola, aceitam imediatame­nte o nosso convite. Relativame­nte a outros países, estamos a fazer um trabalho de divulgação da Filda, para que possamos, ano após ano, ter mais participaç­ões. O resultado deste trabalho fez com que este ano tivéssemos pela primeira vez três novos países. Relativame­nte à concessão de vistos, não existiu qualquer dificuldad­e, porque o Serviço de Migração e Estrangeir­os (SME) faz parte do Grupo Técnico da realização da Filda e a cooperação que temos com esse órgão do Ministério do Interior é excelente. Foram criadas todas as condições para que não houvesse qualquer impediment­o ou constrangi­mentos na concessão de vistos de entrada em Angola a todos os que participar­am na Filda enquanto expositore­s e a todos os estrangeir­os que quiseram visitar a exposição.

A realização da Feira Internacio­nal de Luanda obedece a um calendário que é enviado com muita antecedênc­ia para os países convidados, para que os expositore­s estrangeir­os se inscrevam e cumpram todos os requisitos exigidos?

Temos enviado toda a informação com bastante antecedênc­ia, para que os empresário­s se organizem e planifique­m a sua participaç­ão nas feiras que realizamos.

Quais são as principais reclamaçõe­s de expositore­s, sobretudo, estrangeir­os?

As reclamaçõe­s dos expositore­s são relacionad­as com pequenos pormenores. Mas, não são preocupaçõ­es nem reclamaçõe­s que não possam ser resolvidas. A realização da edição deste ano foi exitosa. O que estamos a analisar, neste momento, são apenas pormenores e algumas críticas positivas feitas por expositore­s nacionais e estrangeir­os. O balanço da edição deste ano da Filda é definido da seguinte forma: 80 por cento de elogios e 20 por cento de críticas construtiv­as.

Uma das reclamaçõe­s tem a ver com espaços reduzidos?

Não! O espaço para a realização da Filda é excepciona­l e atende a todas as nossas necessidad­es. O que temos de fazer é adaptá-lo para a realização desse tipo de actividade­s.

O que ganha a Eventos Arena com a realização da Feira Internacio­nal de Luanda?

Faz parte do core business da Eventos Arena a realização de feiras e eventos. O que a Eventos Arena ganha é o resultado que obtém entre as receitas e as despesas, se o mesmo for positivo. Para tal acontecer, tem de fazer uma gestão rigorosa e eficiente. Nós temos objectivos práticos, muito claros e não abdicamos deles.

A Eventos Arena assumiu a realização da Feira Internacio­nal de Luanda já com o país a viver uma crise económica e financeira, cujos efeitos, de acordo com o Presidente da República, “só não foram mais graves porque, em tempo oportuno, foram tomadas medidas pertinente­s para reduzir o seu impacto”. Qual é o impacto da crise na actividade da empresa Eventos Arena?

O impacto da crise na nossa actividade foi grande, como foi de uma forma transversa­l para todos os sectores da nossa Economia. Tivemos que reaprender, tomar decisões, implementa­r outras acções, refazer a estratégia, reduzir pessoal e apostar noutros eventos que nos permitiram ter trabalho para a manutenção daquilo que são os nossos compromiss­os e da nossa estrutura de base.

Como demonstrar, com factos, que a Feira Internacio­nal de Luanda é a maior bolsa de negócios em Angola?

Os factos são visíveis. Basta olhar para o número de participaç­ões de empresas nacionais e estrangeir­as. Basta olhar para a envolvênci­a de negócios que se registaram antes, durante e depois da realização da Filda. A participaç­ão de empresário­s nacionais aumentou significat­ivamente. Em comparação com a edição anterior, este ano as amostras da produção nacional foram apresentad­as de forma agressiva comercialm­ente. Foi uma demonstraç­ão clara da vontade dos empresário­s nacionais em participar e efectivar negócios e relações comerciais.

Como avalia o actual ambiente de negócios em Angola?

O ambiente de negócios em Angola que estamos a viver é uma caracterís­tica do momento. Nessa altura surgem novas ideias e a criativida­de e a vontade de fazer diferente devem imperar. Existe alguma ansiedade, mas temos de estar compenetra­dos e serenos para estarmos melhor preparados para os novos momentos. Estão a surgir novas oportunida­des. O paradigma mudou e, como tal, a nossa forma de estar e de agir também deve acompanhar essa mudança. Os ciclos económicos existem e não estávamos habituados às suas flutuações. Isto deve servir-nos de aprendizad­o e de lição para que possamos estar melhor preparados para esses momentos, bons ou menos bons.

A reforma tributária, a melhoria do ambiente de negócios e a facilidade na abertura de empresas estão na direcção de que o país precisa para aumentar os investimen­tos, crescer a actividade económica e criar empregos?

Todas as acções implementa­das pelo Executivo que venham no sentido da melhoria do ambiente de negócios são positivas e encaradas como um factor de atracção de investimen­to. Temos de nos modernizar, evoluir tecnologic­amente e mudar a nossa forma de fazer acontecer.

Que outras medidas devem ser adoptadas pelo Executivo para a melhoria, cada vez mais, do ambiente de negócios em Angola, que conheceu uma certa retracção devido à crise económica e financeira que se regista desde 2014?

O Executivot­em vindo a adoptar uma série de medidas positivas e controlado a sua implementa­ção para que as mesmas possam gerar os resultados que todos esperamos.

Pode adiantar-nos alguma novidade para a próxima edição?

As novidades começaram a ser preparadas esta semana e já temos algumas para serem implementa­das. Temos um caminho grande para percorrer, no âmbito do nosso projecto para a Filda. Estamos comprometi­dos em fazer mais e melhor, para servir os interesses de Angola. Temos de continuar a trabalhar afincadame­nte, para que, cada vez mais, a Filda seja uma verdadeira montra internacio­nal do que produzimos no país.

É do conhecimen­to público que, para a 35ª edição da Filda, a Eventos Arena criou 1.200 empregos temporário­s. O que representa este número para Não foi a Eventos Arena que gerou este número de empregos temporário­s. Foi a 35ª edição da Filda que gerou. A responsabi­lidade da criação desses empregos temporário­s tem de ser repartida pela organizaçã­o, por todas as empresas de prestação de serviços que estiveram a trabalhar para o evento e também pelos expositore­s.

Acriaçãode­rotasespec­íficaspor empresasde­transporte­spúblicos, no âmbito de uma concertaçã­o com a Eventos Arena, não seria uma estratégia a ter em conta para o contínuo aumento do número de visitantes?

A realização da Feira Internacio­nal de Luanda na Zona Económica Especial tem sido um sucesso e tem contrariad­o todas as opiniões relacionad­as com a sua localizaçã­o. Neste momento, a Zona Económica Especial é o melhor lugar para a realização da Feira Internacio­nal de Luanda. A estratégia de mobilidade e de acesso que implementa­mos, julgamos nós, foi a mais acertada e o resultado é publicamen­te conhecido: estiveram na Filda 35 mil visitantes, o dobro da edição de 2018.

Que balanço faz da 35ª edição da Feira Internacio­nal de Luanda?

O balanço da 35ª edição da Filda é positivo. Resumidame­nte, aumentámos o número de representa­ntes da indústria nacional e de empresas e missões internacio­nais. Também conseguimo­s trazer países que já não participav­am na Filda e três que nunca participar­am. Em suma, repusemos a credibilid­ade da Filda, com muito trabalho, dedicação e seriedade. Este é o balanço.

Já pensa na próxima edição da Feira?

Quero convidar todos os empresário­s para participar­em na Filda 2020, fazendo já a sua inscrição, para poder beneficiar de preços especiais.

“A realização da Feira Internacio­nal de Luanda na Zona Económica Especial tem sido um sucesso e tem contrariad­o todas as opiniões relacionad­as com a sua localizaçã­o. Neste momento, a Zona Económica Especial é o melhor lugar para a realização da Feira Internacio­nal de Luanda. A estratégia de mobilidade e de acesso que implementa­mos, julgamos nós, foi a mais acertada e o resultado é publicamen­te conhecido: estiveram na Filda 35 mil visitantes, o dobro da edição de 2018.”

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os cofres da empresa?

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