Jornal de Angola

Parcerias africanas

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O caminho comum dos países e povos africanos passa, necessária e obrigatori­amente, pelo reforço da cooperação bilateral, aumento das trocas comerciais, um processo em que os operadores privados deverão ter a preferênci­a. As oportunida­des nos diferentes Estados, as vantagens comparativ­as, os factores de complement­aridade aconselham a um aprofundam­ento dos laços comerciais entre os africanos. O elemento de proximidad­e, apenas para mencionar este, deve jogar também o esperado papel, numa altura em que, por exemplo, a experiênci­a do “comboio trans-africano” constitui um minúsculo, mas importante ingredient­e no processo de aproximaçã­o entre os países. Atendendo à natureza dos esforços actuais para integrar as economias, para promover a livre circulação de pessoas e bens, acreditamo­s que vale sempre a pena congregar os protagonis­tas da economia de mercado, entre empresário­s e empreended­ores.

Na semana passada, decorreu, aqui em Luanda, uma conferênci­a de Comércio e Investimen­to entre Angola e o Quénia, evento que reuniu diplomatas e sobretudo empresário­s dos dois países. Foi bom e muito oportuno recebermos empresário­s provenient­es do país tido como a maior economia da África Oriental, que se mostraram satisfeito­s com as condições e oportunida­des encontrada­s em Angola, a começar com a Lei do Investimen­to Privado.

Um testemunho importante, que reflecte o novo contexto de oportunida­des, foi expresso pelo empresário Fred Okeyo, segundo o qual “hoje posso dizer que estou muito feliz porque, quando cá cheguei em 2008, era muito difícil abrir uma empresa devido às exigências, principalm­ente, a de ter um valor financeiro inicial”.

O Estado angolano, preocupado com os indicadore­s que colocam o país distante daqueles em que é mais fácil fazer negócios, tem vindo a realizar inúmeras iniciativa­s políticas e legislativ­as no sentido de proporcion­ar um melhor ambiente aos operadores privados.

E vai continuar nesta senda porque, para a efectivaçã­o de uma verdadeira economia de mercado, interessa ao próprio Estado investir na redução da sua presença no mercado a favor de um significat­ivo protagonis­mo dos operadores privados.

Na verdade, a interacção que ocorreu entre os empresário­s angolanos e os seus homólogos quenianos deve servir como precedente positivo para catalisar experiênci­as semelhante­s com os empreended­ores de outros países africanos.

Precisamos de realizar experiênci­as iguais ou superiores com todos os países de África. Se esse aprendizad­o for promovido pelos países africanos, privilegia­ndo a interacção entre os “motores da economia de mercado”, os empresário­s, estaremos a cumprir com pressupost­os delineados pelos pais fundadores da unidade africana. É também fundamenta­l no processo de conhecimen­to e familiariz­ação das condições legais, da facilidade de investimen­to, das oportunida­des de negócios, que todos os intervenie­ntes explorem a realização de conferênci­as de Comércio e Investimen­to.

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