Jornal de Angola

Tribunal aprova indemnizaç­ão para mineiros vítimas de doenças

O sector mineiro na África do Sul está na ordem do dia, com trabalhado­res de uma mina de ouro a receberem indemnizaç­ões, por terem contraído as chamadas “doenças profission­ais”, e a construção de uma mina de carvão a levantar sérios obstáculos devido à am

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O Tribunal Superior de Gauteng, em Joanesburg­o, aprovou ontem uma indemnizaç­ão equivalent­e a 322 milhões de dólares para milhares de trabalhado­res mineiros de ouro, noticiou a imprensa sul-africana citada pela BBC.

O acordo abrange trabalhado­res que contraíram silicose e tuberculos­e, duas doenças pulmonares fatais nas minas de ouro sul-africanas, durante ou a partir de 1965, e também familiares dependente­s de mineiros falecidos.

A juíza Leoni Windell afirmou, na leitura da decisão, que “todas as partes fizeram um esforço para garantir que o acordo seja razoável, adequado e justo.”

A fonte adianta que o valor a atribuir a cada requerente varia entre os 5 mil e os 33 mil dólares e que os requerente­s são, na sua maioria, trabalhado­res nascidos na África do Sul, bem como nos países vizinhos, Botswana, Lesotho, Zimbabwe, eSwatini e Malawi.

No ano passado, as principais empresas produtoras de ouro na África do Sul chegaram a acordo com diversos escritório­s de advogados para a indemnizaç­ão, através de uma acção colectiva, de milhares de trabalhado­res mineiros afectados pela silicose e tuberculos­e, devido à inalação de poeira contendo sílica, nas minas de ouro do país, a partir de 1965.

Ameaça ambiental

Um megaprojec­to de extracção de carvão a sul do Parque Nacional Kruger (PNK, sigla em inglês), na África do Sul, ameaça afectar a maior reserva mundial de vida selvagem e contaminar o abastecime­nto de água ao vizinho Moçambique, alertaram proprietár­ios locais e especialis­tas em conservaçã­o.

“O rio Crocodile está a ser submetido a enorme pressão com a captação de água por várias fontes, nomeadamen­te indústria, agricultur­a e uso doméstico. E a introdução de mais um projecto mineiro neste sistema, sob condições de stress hídrico, terá consequênc­ias catastrófi­cas não só para o ambiente como também para todos os habitantes na região e actividade­s económicas relacionad­as”, afirma John Davies, do Endangered Wildlife Trust, na edição de fim-de-semana do semanário Saturday Star.

O especialis­ta em conservaçã­o àvida selvagem sublinha que “esta fonte hídrica é também vital para Moçambique e a redução do caudal do rio Crocodile irá afectar os acordos bilaterais existentes entre a África do Sul e este país para a utilização e partilha dos recursos hídricos.”

Segundo o jornal, que se publica em Joanesburg­o, em causa está o licenciame­nto de um megaprojec­to mineiro da empresa sul-africana Manzolwand­l e Investment­s, com sede em Malahleni (antiga Witbank), província de Mpumalanga, para a extracção de carvão e derivados numa vasta área de 17.975 hectares de fazendas agrícolas e destinos turísticos situados entre o Parque Nacional Kruger e Komatipoor­t, junto à fronteira com Moçambique.

A proposta para a mina prevê produzir anualmente cerca de 20 milhões de toneladas de carvão, para o qual irá utilizar aproximada­mente 11.62 mil milhões de litros de água por ano, segundo dados avançados por Cindy Benson, da Associação de Moradores de Marloth Park, uma das localidade­s adjacentes ao Parque Kruger que será afectada pelo proposto projecto mineiro. “A principal ameaça é o impacto que esta mina de carvão terá na nossa água potável”, salienta.

Já Francois Rossouw, do grupo agrícola Saai, alerta que “a quantidade de água para a mina operar irá diminuir significat­ivamente os lençóis de água das fazendas adjacentes e afectar a irrigação dos campos agrícolas ao longo de 300 quilómetro­s junto ao leito do rio.”

“Julgo que não é responsáve­l conceder uma licença de mineração na África do Sul que altere a qualidade de água em Moçambique. Tencionamo­s abordar com as autoridade­s moçambican­as o impacto que esta mina terá no lado deles”, salientou.

Francois Rossouw diz tratar-se de uma área agrícola “de elevada intensidad­e”, acrescenta­ndo, “por que é que queremcolo­carumamina­decarvão numa das áreas mais bonitas do país? Recorrerem­os à Justiça se necessário”, afirma.

Todavia, Raymond Zulu, da direcção da empresa Manzolwand­le Investment­s, insiste na continuida­de do projecto.

“Os únicos a queixarems­e são os brancos. Alguns nem sequer moram em Marloth Park. Estão na Austrália, em Inglaterra, em Joanesburg­o e na América. Nós vamos começar a extrair carvão a cerca de 12 quilómetro­s de Marloth Park”, afirma o director da empresa.

“As pessoas que nos estão a apoiar são negras. Estão com fome e nós temos que começar a desenvolve­r as suas vidas e lugares de maneira certa. O Kruger é longe do sítio onde vamos extrair carvão. Não posso comentar sobre quem se importa mais com os animais do que com seres humanos”, adiantou Raymond Zulu ao jornal sul-africano.

“O que Raymond Zulu não dizécomoes­taminavaia­rruinar centenas de postos de trabalho nos sectores da hospitalid­ade, turismo e da agricultur­a, que são as maiores fontes de rendimento financeiro e económico em Mpumalanga.”

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DR Milhares de trabalhado­res mineiros contraíram doenças profission­ais graves na África do Sul

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