Projecto de agricultura familiar gera benefícios
Fundação Atlântico e parceiros reforçaram a confiança na implementação do projecto que visa tornar as famílias da região auto-suficientes, profissionalizar a actividade e escoar o excedente de produção
Um projecto de agricultura familiar em curso no Dombe Grande, Benguela, começa a gerar rendimentos no fim de uma campanha de produção iniciada em Maio, envolvendo 162 famílias daquela comuna, soube o Jornal de Angola de fontes ligadas à iniciativa.
O projecto, denominado Dombe 4.0 e financiado pela Fundação Atlântico, ligada ao Banco Millennium Atlântico e outros parceiros, conta com suprimentos de dez toneladas de feijão e nove de fertilizantes, do que se espera uma produção de 80 toneladas, 60 das quais já contratualizadas para serem vendidas à rede de supermercados Máxi, de acordo com dados dos promotores.
As restantes 20 toneladas serão comercializadas junto de outras superfícies comerciais nacionais e contribuirão também para o sustento das famílias abrangidas pelo projecto, afirmam as fontes numa nota de imprensa de apresentação do projecto.
Criado em Maio de 2018, o projecto Dombe 4.0 arrancou com a realização de um diagnóstico a 182 famílias da comuna do Dombe Grande, com uma população de 41 434 habitantes, um diagnóstico que decorreu durante 20 dias, conduzido por oito licenciados recrutados na Faculdade de Ciências Agrárias do Huambo.
O estudo envolveu seis comunidades (Calondende, Elefante, Viete, Secu, Casseque e Cachimbumba) e conduziu à conclusão de que 80 por cento dos inquiridos não retiram da sua actividade diária os rendimentos suficientes para o sustento da família, tendo necessidade de procurar trabalho noutras actividades, inclusive noutras áreas geográficas.
Sessenta e seis por cento da população recorre exclusivamente ao trabalho manual para a preparação da terra e 11 por cento pratica a agricultura para sustento próprio, sem qualquer perspectiva de obtenção de rentabilidade e de crescimento económico.
Para 83 por cento dos inquiridos (para os quais o mercado informal é a única via para o escoamento da produção), a disponibilização de meios de trabalho e de assistência técnica potenciaria a produção agrícola e a criação de riqueza para as famílias da comuna.
Com base nesses dados, a Fundação Atlântico e parceiros reforçaram a confiança na implementação do projecto que visa tornar as famílias da região auto-suficientes, profissionalizar a actividade com vista à integração das famílias envolvidas no mercado formal e escoar o excedente de produção para as grandes superfícies que operam em Angola.
Para já, toda a cadeia de produção e escoamento funciona com o apoio directo dos promotores do projecto. No futuro, o objectivo é que as associações locais ganhem força, com a adesão das famílias produtoras e que sejam estas a negociar a venda e o escoamento da produção junto das superfícies comerciais angolanas, sejam completamente autónomas e atinjam a auto-sustentabilidade ao longo de um período de quatro anos (até 2022).
“O objectivo maior é o de replicar o modelo por forma a que o projecto se estenda para outras zonas geográficas de Angola para que a educação, a mecanização agrícola, o acesso aos mercados e a qualidade nutricional sejam uma realidade nas várias comunidades agrícolas do país”, afirma, citado na nota, o responsável do projecto, José Maria Wanassi.