Jornal de Angola

Onda de calor abala o Mundo

- Osvaldo Gonçalves

Próximos 18 meses são decisivos para a nossa sobrevivên­cia, a nossa capacidade de manter as alterações climáticas em níveis suportávei­s para a existência e nos quais consigamos restaurar o equilíbrio que precisamos para a nossa sobrevivên­cia”.

Peritos em metereolog­ia consideram a ocorrência de mais de cem incêndios no círculo polar Ártico um cenário singular e devastador, a prova de que a onda de calor que percorre o centro da Europa - com 41 graus Celsius em Paris, 41,2 em Bordéus, Londres a chegar aos 39, zonas da Bélgica, Holanda, Alemanha, Luxemburgo e Suíça a registarem temperatur­as superiores a 40 e cidades francesas como Lille e Reims, a preverem calor de 43 graus - não é um fenómeno isolado.

Como fazem questão de frisar, a região é das mais sensíveis para o equilíbrio da Terra e os incêndios provocaram a emissão recorde de dióxido de carbono, com as primeiras estimativa­s a apontarem que o fumo tenha corberto uma área de dois milhões de quilómetro­s.

Uma ilustração dramática do aqueciment­o global é a diminuição de ano para ano do gelo nos Alpes suíços, onde um glaciar já derreteu. Em zonas remotas do Alasca, da Sibéria e da Grenolânci­a, ardem hectares de floresta. Os contornos dessa situação são imprevisív­eis.

Ano e meio para decidir futuro

Em Londres, numa reunião dos ministros dos Negócios Estrangeir­os da Commonweal­th, a 10 de Julho, o príncipe Carlos afirmou: “Acredito que os próximos 18 meses vão decidir a nossa capacidade de manter as alterações climáticas em níveis suportávei­s para a existência e nos quais consigamos restaurar o equilíbrio que precisamos para a nossa sobrevivên­cia”.

O monarca britânico colocou assim todo o foco nas decisões que venham a ser tomadas nos encontros a terem lugar no próximo ano e meio, cruciais para travar as mudanças climáticas. Ele falava sobre os eventos com os vários líderes internacio­nais, a terem lugar nos próximos meses, até 2020.

O Painel Intergover­namental para as Alterações Climáticas (IPCC), realizado no ano passado, concluiu que, para limitar o aqueciment­o global em 1,5 graus (o limite considerad­o seguro pelos cientistas) até ao final do século, as emissões de CO2 terão de ser cortadas em pelo menos 45% até 2030.

As tendências actuais apontam para um aqueciment­o global de três graus até 2.100, situação deveras preocupant­e, até porque, de acordo com os cientistas, os cortes nas emissões de gases poluentes têm de acontecer até ao fim do próximo ano, data limite, aliás, fixada no Acordo de Paris.

Hans Joachim Schellnhub­er, fundador do Instituto Climático de Potsdam, disse, a propósito, que “A matemática do clima é brutalment­e clara: apesar de o mundo não poder ser curado nos próximos anos, pode ficar fatalmente ferido por negligênci­a até ao final do próximo ano”.

Até lá, várias reuniões estão agendadas. A primeira a 23 de Setembro, um encontro especial sobre o clima, em Lisboa, e depois a COP25, no Chile. Depois, só a COP26, em finais de 2020, em Londres.

O ainda Secretário para o Ambiente britânico, Michael Gove, cujo Governo enfrenta um desafio acrescido por causa da possibilid­ade do Brexit, afirmou que essa reunião é importante “para assegurar que os países têm intenções sérias quanto às suas obrigações e isso significa que teremos de dar o exemplo. Juntos, temos de tomar todos os passos necessário­s para restringir o aqueciment­o global aos 1,5 graus”.

Hans Joachim Schellnhub­er, fundador do Instituto Climático de Potsdam, disse, a propósito, que “A matemática do clima é brutalment­e clara: apesar de o mundo não poder ser curado nos próximos anos, pode ficar fatalmente ferido por negligênci­a até ao final do próximo ano”

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