Tempo para teorias da conspiração
No meio de tudo, há a destacar que o arquitecto-chefe da catedral de Notre Dame, Philippe Villeneuve, já avisou que a onda de calor que assola a Europa pode fazer desmoronar os tectos daquele monumento histórico de França, já debilitados devido ao incêndio ocorrido a 15 de Abril último.
A onda de calor na Europa deu azo até ao surgimento de uma nova teoria da conspiração, segundo a qual as altas temperaturas estariam a afectar a vida do monstro do lago Ness, na Inglaterra. Os teóricos afirmam que “duas formas estranhas” terão sido filmadas em vídeo.
Mikko Takala, um entusiasta que se esforça para provar que a lendária criatura existe, divulgou imagens granuladas, capturadas por uma webcam, de duas figuras que se movem pela baía de Urquhart.
Devido às altas temperaturas, a Comissão Europeia anunciou o reforço do apoio aos agricultores, fornecendo adiantamentos de pagamento mais elevados e aliviando regras para facilitar a alimentação dos animais.
Os adiantamentos anunciados em Bruxelas por Natasha Bertaud, porta-voz da Comissão Europeia, vão até 70 e 85 por cento para pagamentos directos e relacionados com o desenvolvimento rural.
Enquanto isso, registase a ocorrência de chuvas torrencias na América do Sul e na Ásia, com o registo de cidades e campos alagados e mortes.
África inerte
África, infelizmente, parece continuar aquele corpo inerte de que há muito se reclama, uma atitude séria nesta matéria. Os noticiários são, por norma, preenchidos com imagens degradantes, de um ambiente de lassidão, em que o cenário só é revolto pelos conflitos.
Do calor no continente pouco se fala, muito menos da luta diária de centenas de filhos de África para travar o avanço das areias nos principais desertos.
Os africanos são mostrados como, se habituados a tanto calor, recorressem, cada vez mais, a artifícios criados no Ocidente para irem aguentando um pouco mais as agruras da vida.
A imprensa internacional tende mais a mostrar as formas como os africanos enfrentam as altas temperaturas, usando roupas e máquinas fabricadas fora do continente, do que a publicitar, por exemplo, iniciativas, seja das autoridades, seja das populações, para revitalizar a agricultura.
O pior é que nós, africanos, parecemos gostar que assim seja.