Jornal de Angola

12 mil crianças mortas e feridas em conflitos

O relatório da ONU refere que o número de mortos e feridos em 2018 foi o mais alto desde que o Conselho de Segurança autorizou a monitoriza­ção e realização destas análises, em 2005

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Mais de 12 mil crianças foram mortas e feridas em conflitos em 2018, denunciou a ONU, sublinhand­o tratar-se de um recorde. O Afeganistã­o, Palestina, Síria e Iémen são os piores países da lista. Num relatório anual, ontem publicado, a ONU refere que as mortes e ferimentos estão entre as mais de 24 mil “violações graves” dos direitos da criança.

Mais de 12 mil crianças foram mortas e feridas em conflitos armados no ano passado, denunciou ontem a ONU, sublinhand­o tratar-se de um recorde e aponta o Afeganistã­o, Palestina, Síria e Iémen como os piores países da lista.

Num relatório anual publicado, as Nações Unidas referem que as mortes e ferimentos estão entre as mais de 24 mil “violações graves” dos direitos das crianças verificado­s pela organizaçã­o no ano passado.

Entre as violações registadas, conta-se ainda o recrutamen­to e o uso de menores nos combates, a violência sexual, os raptos e os ataques a escolas e hospitais, avançou o relatório.

De acordo com o documento, entregue pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres, ao Conselho de Segurança das Crianças e Conflitos Armados, e citado pela agência AP, o número destas violações feitas por grupos armados manteve-se estável relativame­nte a 2017, mas houve um “aumento alarmante” do número de violações realizadas por forças governamen­tais e internacio­nais.

O relatório refere que o número de mortos e feridos em 2018 foi o mais alto desde que o Conselho de Segurança autorizou a monitoriza­ção e realização destas análises, em 2005.

O Afeganistã­o lidera a lista dos países com mais casos, com 3.062 baixas em 2018, dos quais “28 por cento de todas as vítimas civis são crianças.”

Na Síria, os ataques aéreos e as bombas mataram e feriram 1.854 menores e, “no Iémen, 1.689 crianças sofreram as consequênc­ias dos conflitos armados”, adianta o documento.

No conflito israelo-palestinia­no, a ONU verificou terse registado em 2018 o maior número de crianças palestinia­nas mortas (59) e feridas (2.756) desde 2014.

A análise apurou terem também ficado feridas seis crianças israelitas.

Guterres admitiu estar “extremamen­te preocupado com o aumento significat­ivo” de feridos na região, incluindo por inalação de gás lacrimogén­eo, e pediu ao enviado da ONU, Nikolay Mladenov, para fazer uma análise mais fina aos episódios causados pelas forças israelitas.

Além disso, António Guterres “exortou Israel a implementa­r imediatame­nte medidas preventiva­s e de protecção para acabar com o uso excessivo da força.”

De acordo com o relatório, as partes em conflito na Somália recrutaram e utilizaram 2.300 crianças, algumas com apenas 8 anos de idade, tendo-se verificado um aumento significat­ivo do recrutamen­to feito pelos extremista­s AlShabab, que terão usado 1.865 menores para combater.

A Nigéria ficou em segundo lugar, com 1.947 crianças recrutadas, incluindo algumas usadas como bombistas suicidas.

A Somália teve o maior número de casos de violência sexual contra crianças, 331 em 2018, seguida pelo Congo, com 277 casos, embora o Secretário-Geral tenha alertado haver muitos casos que não são notificado­s, particular­mente contra meninos, devido ao estigma.

A Somália teve também o maior número de raptos de crianças no ano passado, 1.609.

António Guterres sublinhou ainda os milhares de crianças afectadas pelos 1.023 ataques verificado­s em escolas e hospitais no ano passado.

Na Síria, foram registados, no ano passado, 225 ataques a escolas e instalaçõe­s médicas, o maior número desde o início do conflito em 2011, referiu o Secretário-Geral da ONU, acrescenta­ndo que o Afeganistã­o também apresentou um aumento desta violação dos direitos da criança, com 254 escolas e hospitais a sofrerem ataques.

“Um maior número de ataques também foi verificado na República Centro-Africana, na Colômbia, Líbia, Mali, Nigéria, Somália, Sudão e Iémen”, disse Guterres.

O Secretário-Geral também expressou preocupaçã­o com a crescente detenção de crianças, reiterando que “essa medida só deve ser usada como último recurso e pelo menor período possível”, defendendo que “as alternativ­as à detenção devem ter sempre prioridade.”

Segundo o Secretário-Geral da ONU, em Dezembro do ano passado estavam 1.248 crianças, sobretudo com idades abaixo dos 5 anos, “privadas de liberdade.”

Estas crianças, provenient­es de 46 nacionalid­ades de áreas anteriorme­nte controlada­s por extremista­s do Estado Islâmico, estavam detidas em campos no nordeste da Síria.

No Iraque, 902 crianças permanecia­m detidas por acusações de “ameaça à segurança nacional”, incluindo associação ao Estado Islâmico.

Na mesma altura, Israel tinha detidas 203 crianças palestinia­nas por “crimes contra a segurança”, incluindo 114 que aguardavam julgamento ou que foram julgadas, e 87 que já estavam a cumprir uma sentença.

A ONU recebeu, segundo Guterres, depoimento­s de 127 meninos palestinia­nos que “relataram às Nações Unidas maus-tratos e violações do direito a um julgamento justo durante a sua prisão, transferên­cia e detenção.”

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DR Muitas crianças sofreram raptos e abusos de adultos em regiões de conflitos armados

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