O engajamento das comunidades
A criminalidade é daqueles fenómenos sociais que constituem um desafio permanente para os grandes assentamentos populacionais, facto que tende a acentuar-se na razão directa da degradação das condições de habitabilidade. O crescimento da população angolana, a um ritmo duas ou três vezes superior ao da produção da riqueza que o devia acompanhar para minimizar tendências criminais, é uma realidade em todo o país.
E com ela, o nascimento e o crescimento de numerosos bairros de construção desordenada ao redor das principais cidades de Angola, uma realidade que quando associada às más condições de vida potencia o cometimento de crimes. Mas não se trata, à partida, de um desafio insuperável para a sociedade em geral e em particular para os especialistas em Ciências Policiais, em Criminalística e em Segurança Pública. Acreditamos que da parte daqueles últimos há um conhecimento aprofundado dos meandros que envolvem a criminalidade, sobretudo aquela que atenta contra a ordem, segurança e tranquilidade públicas.
A promoção de campanhas de sensibilização junto das famílias, a realização de debates e palestras, entre outras iniciativas, concorrem positivamente para uma abordagem que leve ao conhecimento do fenómeno social.
Espera-se com todas essas iniciativas, que a população seja devidamente esclarecida relativamente aos procedimentos normais, seguros e necessários a adoptar para lidar com a criminalidade.
A mesa redonda que se realiza hoje, nas instalações da Mediateca do Cazenga, que vai debater o tema “A problemática da criminalidade em Luanda” no quadro do projecto académico “Oficinas do Conhecimento”, com especialistas do ramo policial, juristas, sociólogos e moradores, é apenas um passo no sentido das considerações atrás feitas. No quadro da iniciativa de académicos para levar as comunidades a reflectirem e a abordarem assuntos que incidem directamente sobre a vida das famílias, pessoas singulares e instituições, acreditamos que se trata de uma diligência muito importante.
É nestas actividades, em que se tem a oportunidade de ouvir quem vive os problemas, que se pode recolher contribuições relevantes para “atacar” e resolver as situações incómodas por que passam as comunidades.
Um diagnóstico correcto da dimensão e causas da criminalidade, aquela que periga a ordem, a segurança e tranquilidade públicas, só pode ser alcançado com a contribuição dos membros das comunidades, por via de debates, palestras e mesas redondas e a colaboração das entidades.
Esperamos que essas iniciativas sirvam para levar as comunidades a participarem activamente nos processos que incidem na melhoria da vida local, com ênfase para a manutenção da ordem, segurança e tranquilidade e sejam replicadas em várias partes de Angola. É preciso manter as comunidades engajadas para que sejam elas mesmas o ponto de partida e de chegada das iniciativas feitas em seu nome.
É preciso também que as comunidades se sintam sensibilizadas e motivadas a participar em acções que configurem a procura de soluções para os seus problemas. Diz-se que a união faz a força, um provérbio popular que ilustra bem a probabilidade de sucesso quando se une forças e meios de todas as partes em detrimento de iniciativas individuais. Por isso, dizemos que é preciso engajar as comunidades.