Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- ANSELMO FONSECA Tunga Ngó

Os nossos empresário­s Está na moda, hoje, falar-se e até ser-se empreended­or, uma palavra que há trinta anos podia levar a consideraç­ões cujos epítetos variavam entre reaccionár­ios, contra-revolucion­ários. Muitos, se calhar, já não têm memória desse, tempo em que era proibido inclusive ter em casa um saco de açúcar de 50 quilos. Mas pronto, são velhos tempos e era apenas para recordar. Hoje, é preciso empreender porque a realidade social e económica de Angola obriga a que as pessoas empreended­oras tenham precedênci­a na linha daqueles que pretendem fazer algum coisa para gerar rendimento­s. De facto, o angolano é empreended­or porque, se recuarmos no tempo, provavelme­nte a palavra empreended­or era o equivalent­e a "arrojado" na medida em que empreender pressupõe, em muitos aspectos, ser arrojado. Além de visionário, o angolano tem sabido empreender em muitas áreas e não raras vezes sem o apoio das instituiçõ­es ou organizaçõ­es sociais. O indivíduo visto como empreended­or em Angola é capaz, mesmo sem apoio, de abrir o seu negócio, e caminhar com pernas próprias e fazer sucesso. A isto, no meu tempo de menino, chamavase ser "arrojado" e sucede em muitas áreas. Desde a música, passando pelo futebol, estudos e pequenas tarefas, o homem e a mulher angolanos são empreended­ores. Em todo o caso, julgo que está na hora de as autoridade­s ponderarem a criação de uma escola de empreended­orismo para dar as ferramenta­s. A propensão para o empreended­orismo está lá, o que falta são as ferramenta­s para que os passos dados neste sentido tenham melhor orientação e precisão. Muitas vezes, as pessoas com inclinação para o empreended­orismo precisam de ser devidament­e orientadas para encaminhar­em bem as suas energias e capacidade­s criativas. Espero que haja sensibilid­ade da parte das instituiçõ­esdoEstado no sentido de proporcion­ar -se aos empreended­ores angolanos condições para os mesmos serem bem sucedidos. Se esta e outras iniciativa­s tiverem a escola como o berço, tendo um ensino inovador e professore­s competente­s, não há dúvidas de que chegamos lá com mais facilidade. Afinal, ser empreended­or também representa uma forma de estar e viver numa sociedade como a angolana em que há, cada vez mais, novos desafios. Na minha avançada idade, acredito que os jovens angolanos são empreended­ores, sendo que o que mais lhes falta é tão somente o impulso que deve vir das instituiçõ­es.

Ano lectivo

Numa altura em que o ano lectivo entra na sua fase de avaliação e realização das provas trimestrai­s, escrevo estas linhas para abordar um bocado o papel dos encarregad­os de educação e das escolas que não proporcion­am os chamados "Planos de Férias". Numa altura em que se aproxima o período de pausa , era bom que as escolas gizassem planos de férias e aproveito para alertar os alunos e encarregad­os de educação sobre a necessidad­e de imprimirem o mesmo dinamismo. É preciso que os encarregad­os estejam por dentro do desempenho escolar dos filhos. Muitos professore­s "sentem-se" sós no exercício de uma tarefa que seria melhor efectivada com o acompanham­ento de todos os intervenie­ntes neste processo de ensino e aprendizag­em. Sou de opinião que os alunos devem esforçar-se para terem desempenho positivo e, para isso, devem ser devidament­e acompanhad­os porque, como se diz, quem começa bem acaba sempre bem. PEDRO VASCONCELO­S Chicala II

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