Com ou sem crise a vida continua
Em necessidade de recorrer a estudos profundos pode-se concluir a existência de um considerável sentimento de incerteza e dúvida quanto às realizações políticas do momento, o que é normal para quem se habituou a ter sem ser ou fazer, fruto da forma “colorida” como muitos encaravam a vida no tempo das “vacas gordas”, como se diz no linguajar popular.
Tais modelos de vida basearam-se na forma pouco rigorosa como determinados gestores manuseavam o dinheiro que enchia os cofres do país oriundos, sobretudo, da venda do petróleo, cujo preço no mercado intencional chegou aos cento e tais dólares/unidade, que promoveu considerável crescimento económico e financeiro.
Porém, a verdade é que, hoje por hoje, Angola vê-se a braços com uma crise económica e financeira que está a provocar “estragos”, dos quais podemos tirar boas ilações que nos inibem de repetir os erros do passado, em que quase que a mente colectiva era comandada pelo dinheiro e bens materiais, que muitas vezes chegavam às mãos dos bafejados, por razões que não tinham razões, passe a redundância.
E como não adianta chorar pelo leite derramado, perante a obrigatoriedade de se alterar o quadro real das coisas, urge uma chamada colectiva de todas as pessoas comprometidas com a pátria e o bem-estar de todos.
As várias acções e medidas implementadas pelo Executivo, partidariamente suportado pelo MPLA, devem ser compreendidas na dimensão do caminho a seguir para poder salvar o que ainda é possível e traçar novos paradigmas que resultem na melhoria das condições de vida da população, para quem e com quem se deve governar.
Para que as medidas em curso atinjam os resultados perspectivados, não restam dúvidas que esteja a ser mobilizada a melhor nata pensante do país, assim como nada obsta a eventual constatação de falhas, típicas da concepção humana, e que sempre que necessárias, devem ser corrigidas.
Desta perspectiva, as cores, os símbolos e demais elementos de identificação partidária não devem sobrepor-se aos desejos da Nação, enquanto espaço de pertença colectiva, ou seja, a hora é de convergência, que deve ser exercida com foco na máxima “Melhorar o que está bem, corrigir o que está mal”, na sua mais extensiva interpretação.
Para tal, precisamos de ter e manter a fé, bem como acreditar que melhores dias virão, o que não é nada novo para os angolanos, que até mantêm uma relação de fidelidade com a resiliência, já provada em várias ocasiões, desde a luta de resistência contra a opressão colonial às guerras do pós 11 de Novembro.
Para quem, como os da minha geração, resistiu às incertezas da vida ofegada no troar dos canhões, no ribombar das granadas, no canto das munições e sobretudo no anúncio (in) esperado de que no dia seguinte jamais faria parte da vida, não se deve dar ao mísero prazer de perder a esperança, pelo facto do país estar a enfrentar uma crise económica e financeira que nos obriga a (re)adaptações constantes.
Por esta e outras razões, sem excepção, somos todos chamados a buscar forças onde podem ser encontradas, para apoiar as acções de que o país precisa para reposicionar a economia no trilho do desenvolvimento e, por conseguinte, ajudar o Executivo no exercício de governação, cada um com o melhor que pode dar, claro, mantendo a fé.
E por falar em fé, a considerar como necessário o reforço da compreensão do nervo da presente reflexão, julgamos oportuno fazer alguma referência sobre o conceito de “Fé”, ao qual se atribui dupla etimologia, a saber: do grego "pistia", que indica a noção de acreditar e do latim “fides”, que remete para uma atitude de fidelidade.
Nesta conjugação de factores, classificamos como de elevada valia a necessidade de manter a fé, entendida como algo acompanhada de absoluta abstinência de dúvida, ou seja, um sentimento de total confiança, crença, credibilidade em algo ou alguém, e neste caso, na busca das melhores respostas para os desafios do presente e do futuro, pois a vida continua, com ou sem crise.
Precisamos de ter e manter a fé, bem como acreditar que melhores dias virão, o que não é nada novo para os angolanos, que até mantêm uma relação de fidelidade com a resiliência