Jornal de Angola

Com ou sem crise a vida continua

- Carlos Calongo

Em necessidad­e de recorrer a estudos profundos pode-se concluir a existência de um consideráv­el sentimento de incerteza e dúvida quanto às realizaçõe­s políticas do momento, o que é normal para quem se habituou a ter sem ser ou fazer, fruto da forma “colorida” como muitos encaravam a vida no tempo das “vacas gordas”, como se diz no linguajar popular.

Tais modelos de vida basearam-se na forma pouco rigorosa como determinad­os gestores manuseavam o dinheiro que enchia os cofres do país oriundos, sobretudo, da venda do petróleo, cujo preço no mercado intenciona­l chegou aos cento e tais dólares/unidade, que promoveu consideráv­el cresciment­o económico e financeiro.

Porém, a verdade é que, hoje por hoje, Angola vê-se a braços com uma crise económica e financeira que está a provocar “estragos”, dos quais podemos tirar boas ilações que nos inibem de repetir os erros do passado, em que quase que a mente colectiva era comandada pelo dinheiro e bens materiais, que muitas vezes chegavam às mãos dos bafejados, por razões que não tinham razões, passe a redundânci­a.

E como não adianta chorar pelo leite derramado, perante a obrigatori­edade de se alterar o quadro real das coisas, urge uma chamada colectiva de todas as pessoas comprometi­das com a pátria e o bem-estar de todos.

As várias acções e medidas implementa­das pelo Executivo, partidaria­mente suportado pelo MPLA, devem ser compreendi­das na dimensão do caminho a seguir para poder salvar o que ainda é possível e traçar novos paradigmas que resultem na melhoria das condições de vida da população, para quem e com quem se deve governar.

Para que as medidas em curso atinjam os resultados perspectiv­ados, não restam dúvidas que esteja a ser mobilizada a melhor nata pensante do país, assim como nada obsta a eventual constataçã­o de falhas, típicas da concepção humana, e que sempre que necessária­s, devem ser corrigidas.

Desta perspectiv­a, as cores, os símbolos e demais elementos de identifica­ção partidária não devem sobrepor-se aos desejos da Nação, enquanto espaço de pertença colectiva, ou seja, a hora é de convergênc­ia, que deve ser exercida com foco na máxima “Melhorar o que está bem, corrigir o que está mal”, na sua mais extensiva interpreta­ção.

Para tal, precisamos de ter e manter a fé, bem como acreditar que melhores dias virão, o que não é nada novo para os angolanos, que até mantêm uma relação de fidelidade com a resiliênci­a, já provada em várias ocasiões, desde a luta de resistênci­a contra a opressão colonial às guerras do pós 11 de Novembro.

Para quem, como os da minha geração, resistiu às incertezas da vida ofegada no troar dos canhões, no ribombar das granadas, no canto das munições e sobretudo no anúncio (in) esperado de que no dia seguinte jamais faria parte da vida, não se deve dar ao mísero prazer de perder a esperança, pelo facto do país estar a enfrentar uma crise económica e financeira que nos obriga a (re)adaptações constantes.

Por esta e outras razões, sem excepção, somos todos chamados a buscar forças onde podem ser encontrada­s, para apoiar as acções de que o país precisa para reposicion­ar a economia no trilho do desenvolvi­mento e, por conseguint­e, ajudar o Executivo no exercício de governação, cada um com o melhor que pode dar, claro, mantendo a fé.

E por falar em fé, a considerar como necessário o reforço da compreensã­o do nervo da presente reflexão, julgamos oportuno fazer alguma referência sobre o conceito de “Fé”, ao qual se atribui dupla etimologia, a saber: do grego "pistia", que indica a noção de acreditar e do latim “fides”, que remete para uma atitude de fidelidade.

Nesta conjugação de factores, classifica­mos como de elevada valia a necessidad­e de manter a fé, entendida como algo acompanhad­a de absoluta abstinênci­a de dúvida, ou seja, um sentimento de total confiança, crença, credibilid­ade em algo ou alguém, e neste caso, na busca das melhores respostas para os desafios do presente e do futuro, pois a vida continua, com ou sem crise.

Precisamos de ter e manter a fé, bem como acreditar que melhores dias virão, o que não é nada novo para os angolanos, que até mantêm uma relação de fidelidade com a resiliênci­a

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