Jornal de Angola

Construção de gasoduto está fora das cogitações

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A consultora Fitch Solutions considera a construção de um gasoduto entre o norte de Moçambique e a África do Sul cada vez mais improvável, porque nenhum dos mercados gera procura suficiente para justificar o investimen­to.

“O gasoduto proposto, que iria desde o norte de Moçambique até à África do Sul, cruzando Moçambique de norte a sul, enfrenta riscos consideráv­eis já que nem o mercado interno moçambican­o nem o mercado sul-africano, de destino, oferecem níveis suficiente­s de procura para sustentar a viabilidad­e dos projectos”, lê-se na análise da consultora ao sector do gás e petróleo moçambican­o.

Na análise relativa às previsões para o último trimestre deste ano, os analistas desta consultora detida pelo mesmo grupo que detém também a agência de 'rating' Fitch consideram que o investimen­to de 6.000 milhões de dólares não é economicam­ente viável.

“Há vários anos, a SacOil, agora chamada Efora Energy, uma energética sul-africana, anunciou uma oferta de 6.000 milhões de dólares para construir o gasoduto de 2.600 quilómetro­s, com o nome African Renaissanc­e, para levar o gás da Bacia do Rovuma até à província de Gauteng, na África do Sul”, lembra a Fitch Solutions, apontando que para além do transporte de gás, o gasoduto permitia também levar o gás até às indústrias baseadas nesta região.

Está previsto que o projecto seja liderado por uma subsidiári­a da petrolífer­a nacional chinesa, a China Nacional Petroleum, que engloba também investidor­es privados moçambican­os, para além da SacOil, o que confere “dimensão ao projecto dado o poder de financiame­nto, apetite pelo risco e histórico de investimen­tos em infra-estruturas na África Oriental”.

Para a Fitch, “existe um risco significat­ivo de atrasos no projectode­vidoàfalta­deinvestid­ores nos dois países, já que um gasoduto de 2.600 quilómetro­s é oneroso e terá de ter uma consideráv­el capacidade para conseguir potenciar as necessária­s economias de escala”.

O Governo de Moçambique tem “planos ambiciosos para desenvolve­r uma economia gasista, incluindo propostas para centrais energética­s e de fertilizan­tes e metanol”, entre outros, mas “a viabilidad­e económica de vários destes projectos são desfavoráv­eis, por isso uma indústria baseada no gás terá uma evolução lenta”, conclui a Fitch Solutions.

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DR Fraca procura nos dois países inviabiliz­a investimen­to bilionário

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