Menores de 14 anos são a maioria das vítimas
Cerca de 62 por cento das vítimas de queimaduras que dão entrada no Hospital Geral Especializado Neves Bendinha, a funcionar provisoriamente no Hospital do Zango, município de Viana, são menores de 14 anos e a maioria dos casos é resultante de acidentes domésticos.
A informação foi avançada, segunda-feira, pelo director clínico do hospital especializado no tratamento de casos de queimadura, que disse serem os “líquidos super-aquecidos” a causa do maior número de acidentes domésticos.
Álvaro Pedro, que falava aos jornalistas à margem de uma visita do director-geral do Instituto Nacional da Criança (INAC), Paulo Kalesi, àquele hospital público, informou que, até segunda-feira, estavam internadas nos serviços primários da unidade sanitária, 65 pessoas, entre as quais uma das duas crianças queimadas pelo próprio pai, há uma semana. O caso dos dois irmãos, um de 10 anos e outro de 12, está na origem da visita de Paulo Kalesi ao Hospital Geral Especializado Neves Bendinha, onde foi informado, com detalhe, sobre o estado clínico de Emanuel dos Santos, o mais velho, que está ainda internado, por ter sofrido queimadura de segundo grau nas duas mãos, o que corresponde a cinco por cento do corpo. Lourenço dos Santos recebeu alta no dia em que deu entrada, por o seu caso ser “menos grave”, explicou o director clínico, que confirmou estar o menor a receber tratamento ambulatório.
OmédicoÁlvaroPedroacentuou que a visita de Paulo Kalesi visou também o reforço da interacção entre o Instituto Nacional da Criança e o Hospital Geral Especializado Neves Bendinha e disse esperar que a interacção seja feita com regularidade, sobretudo no que diz respeito à divulgação de casos do género.
Direitos da criança
O director-geral do Instituto Nacional da Criança manifestou receio de os dois irmãos voltarem a sofrer maus-tratos, pressentimento que está na base da decisão da instituição, de remeter o caso junto do Ministério Público e do Julgado de Menores para ser avaliado o processo-crime e decidido a melhor forma de poder acomodar os dois irmãos.
“Vamos continuar a sensibilizar as famílias a pautarem por uma mudança de atitude em relação às crianças”, acentuou o director-geral do Instituto Nacional da Criança.
Depois da visita ao hospital, Paulo Kalesi prestou, no bairro Luanda Limpa, no Zango 4, solidariedade à família de um menor de 12 anos, violado sexualmente e assassinado com recurso a um bloco, que lhe foi desferido na cabeça.