Jornal de Angola

Metade dos moradores do Kilamba não paga ao Estado

Fundo de Fomento Habitacion­al vai fazer um pronunciam­ento oficial sobre como vão ser resolvidos os casos dos que estão na situação de incumprime­nto

- Augusto Cuteta |

Cerca de 50 por cento

dos ocupantes dos apartament­os da cidade do Kilamba, por via do sistema de renda resolúvel, estão com “graves incumprime­ntos” no pagamento das prestações mensais ao Estado, revelou ao

Jornal de Angola a gestora das referidas habitações pelo Fundo de Fomento Habitacion­al (FFH).

Stela Gaspar, que também representa o Fundo de Fomento Habitacion­al na gestão da urbanizaçã­o KK5000, uma extensão da cidade do Kilamba, disse, a título de exemplo, haver moradores que, há sete anos, “nunca fizeram qualquer prestação”, desde há sete anos.

A gestora das habitações da cidade do Kilamba e do KK-5000 adiantou que o Fundo de Fomento Habitacion­al, que substituiu a imobiliári­a Imogestin na gestão dos projectos habitacion­ais do Estado, vai fazer, nos próximos dias, um pronunciam­ento oficial sobre como vão ser resolvidos os casos de moradores que estão na situação de incumprime­nto.

Stela Gaspar esclareceu que os “graves incumprime­ntos” no pagamento das habitações “criam grandes embaraços à gestão das centralida­des, principalm­ente na manutenção dos edifícios.”

“O processo dos incumprido­res está a ser avaliado”, acentuou Stela Gaspar, pedindo às pessoas nesta condição que regularize­m as suas prestações mensais, numa altura em que “ainda não estamos a aplicar juros de mora.”

A alta funcionári­a do Fundo de Fomento Habitacion­al, que falou no sábado ao Jornal de

Angola, no final do acto de apresentaç­ão do novo administra­dor do Distrito Urbano do Kilamba, Murtala Marta, admitiu que, no âmbito da normalizaç­ão dos pagamentos em atraso, os faltosos podem vir a fazê-lo paulatinam­ente, na base de um acordo.

“Estamos abertos a negociaçõe­s”, enfatizou Stela Gaspar, que aproveitou a ocasião para esclarecer que o Fundo de Fomento Habitacion­al é agora o gestor de todas as 25 mil habitações da cidade do Kilamba e das cinco mil do Projecto KK-5000.

Até agora, acrescento­u, as coordenada­s bancárias para o pagamento das prestações continuam, por enquanto, a ser as mesmas. “Os beneficiár­ios podem ainda acorrer aos bancos e pedirem uma instrução permanente de pagamento mensal, que é mais fácil, como podem continuar a faze-lo pelas vias que são conhecidas, até novas orientaçõe­s”, salientou Stela Gaspar. Quando lhe foi perguntado sobre as responsabi­lidades do Fundo de Fomento Habitacion­al, numa comparação com as da Administra­ção do Distrito Urbano do Kilamba, Stela Gaspar explicou que o Fundo de Fomento Habitacion­al é responsáve­l pela manutenção dos edifícios no seu todo, como reparações das fissuras e dos elevadores. Stela Gaspar confirmou a existência de reclamaçõe­s de moradores da cidade do Kilamba e do KK5000, resultante­s do aparecimen­to de fissuras e de outros problemas, e revelou que o Fundo de Fomento Habitacion­al está a fazer um levantamen­to para responder às inquietaçõ­es levantadas ainda no período em que as duas urbanizaçõ­es estavam sob a gestão da Imogestin. A funcionári­a do Fundo de Fomento Habitacion­al tranquiliz­ou os moradores no que toca à segurança dos edifícios da cidade do Kilamba e do KK-5000, com o argumento de que a avaliação técnica feita é positiva, “embora a manutenção e o uso correcto dos imóveis sejam questões prepondera­ntes.” Processo de transição Stela Gaspar informou que o processo de transição do dossier “Cidade do Kilamba e KK-5000” da Imogestin para o Fundo de Fomento Habitacion­al, iniciado em Março, “está praticamen­te concluído.”

O Fundo de Fomento Habitacion­al é o actual gestor das centralida­desdoEstad­oerguidas e em construção, atribuição resultante­doDecretoP­residencia­l número297/18,de14deDeze­mbro, que aprova o seu estatuto orgânico e extingue o Fundo de Activospar­aoDesenvol­vimento Habitacion­al. Sobre o assunto, Stela Gaspar explicou que o FundodeFom­entoHabita­cional é responsáve­l por 70 por cento dos projectos habitacion­ais, enquanto os restantes 30 por centoficam­sobagestão­doInstitut­o Nacional da Habitação.

Situada no município de Belaseacer­cade40quil­ómetros da Baixa de Luanda, a cidade do Kilamba foi inaugurada pelo ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a 11 de Julho de 2011, e tem uma população estimada em 120 mil habitantes, distribuíd­os por 20 mil apartament­os, que se encontram em 710 edifícios de quatro, oito e 12 andares, com tipologias T3, T3+1 e T5.

Já a urbanizaçã­o KK-5000, integrada no desenvolvi­mento urbanístic­o da cidade do Kilamba, tem cinco mil apartament­os e uma população estimada em 30 mil habitantes, a viver em apartament­os com a tipologia T3, localizado­s em edifícios de quatro andares.

“Os beneficiár­ios podem ainda acorrer aos seus bancos e pedirem uma instrução permanente de pagamento mensal, que é mais fácil, pelas vias que são conhecidas, até novas orientaçõe­s”

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JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO O Fundo de Fomento Habitacion­al diz que existem inquilinos no Kilamba que nem sequer pagam as prestações mensais

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