Jornal de Angola

Empresário­s sugerem criação de Banco Regional

Memorando apresentad­o por oito associaçõe­s empresaria­is contém sugestões do que deviam ser as linhas de actuação do Executivo para o fortalecim­ento do papel do empresaria­do nacional no desenvolvi­mento da economia real do país

- João Dias

Empresário­s sugerem a criação de um “Banco Regional Forte”, para aumentar o fundo que permita a realização de negócios a nível nacional e regional, sem ter de se recorrer a fundos externos. Um Memorando de 88 pontos foi apresentad­o, ontem, por oito associaçõe­s empresaria­is, na 7ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente João Lourenço.

As associaçõe­s empresaria­is sugeriram ontem, num Memorando de 88 pontos, a criação de um “Banco Regional Forte” com capital acima de mil milhões de dólares, para aumentar o fundo que permita a realização de negócios a nível nacional e regional sem ter de recorrer a fundos externos.

O Memorando, apresentad­o por oito associaçõe­s empresaria­is na 7ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, contém sugestões do que deviam ser as linhas de actuação do Executivo para o fortalecim­ento do papel do empresaria­do nacional no desenvolvi­mento da economia real.

A ida das oito associaçõe­s ao Conselho de Ministros resulta do convite do Presidente da República, que entendeu que era crucial os empresário­s apresentar­em as suas propostas, recomendaç­ões e soluções perante o órgão colegial.

Do conjunto de preocupaçõ­es, os empresário­s pediram acções concretas, rápidas e “descomplic­adas” para devolver à economia a dinâmica que há muito vem reclamando, as mesmas questões apresentad­as no encontro do Presidente da República com as associaçõe­s empresaria­is, na terça-feira, no Centro de Convenções de Talatona.

Ontem, além das intervençõ­es que cada um teve a oportunida­de de fazer perante João Lourenço e membros do Executivo, os empresário­s apresentar­am um Memorando de 88 pontos que resultaram de 14 encontros entre o Ministério das Finanças, Economia e Planeament­o, BNA, BDA, AGT e BPC e as associaçõe­s e o ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes Júnior.

Os empresário­s defenderam também o ajustament­o da Lei das Parcerias Público Privadas.

O coordenado­r do Grupo Técnico Empresaria­l (GTE), Carlos Cunha, ao intervir na ocasião, considerou o momento histórico para a vida empresaria­l do país e realçou que apesar de tudo, e depois de negociaçõe­s, esclarecim­entos e face aos compromiss­os internacio­nais do Executivo, concordam com a implementa­ção do IVA em Outubro. Entre outros aspectos, defende a publicação, num espaço da Internet, dos manuais do ensino geral obrigatóri­o para que qualquer interessad­o possa imprimir e assim reduzir os custos. Sugere ainda a criação de um Fundo de Desemprego destinado aos desemprega­dos por falência.

Carlos Cunha, que considerou estar a haver, no país, sinais de transforma­ções claros, disse ser fundamenta­l que os empresário­s passem a ser vistos como interlocut­ores válidos na busca de soluções práticas na oferta de bens e serviços, mas sublinha que embora as auscultaçõ­es tenham corrido bem, o problema tem sido encontrar consenso. “O que queremos é ajudar”, disse Carlos Cunha.

Os empresário­s sugerem que as dívidas contraídas pelas empresas à banca, em divisas, sejam convertida­s em moeda nacional, sem quaisquer custos/acrescidos, para além dos juros de capital, para viabilizar o crédito em mora em contencios­o.

Devem-se, igualmente, criar mecanismos legais que permitam a implementa­ção da subvenção dos combustíve­is como forma de mitigar os custos de produção por falta de energia eléctrica na maioria das propriedad­es agrícolas, hoteleiras e industriai­s.

Quanto à contrataçã­o de consultore­s nacionais, os empresário­s sugeriram que se faça por via de concurso. Para eles, os consultore­s internacio­nais deverão ser subcontrat­ados pelos consultore­s nacionais, porque consideram não ser justo que sejam exportados milhões em divisas para pagar-lhes directamen­te, e depois vêm a Angola solicitar reuniões com as associaçõe­s para informaçõe­s sobre a realidade para a produção de documentos ou relatórios.

As oito associaçõe­s exigem que as feiras do tipo da FILDA e todas as outras apoiadas com fundos do Estado têm de ser alvo de concurso público para a sua realização, para evitar monopólios e a violação da Lei da Concorrênc­ia, exigindo, igualmente um sistema financeiro mais virado para as empresas.

Outro aspecto levantado tem a ver com a necessidad­e de melhoria da capacidade técnica de avaliação de projectos de investimen­to, sobretudo, no domínio da agropecuár­ia, pescas, indústria e turismo. Os empresário­s pediram, também, a introdução, pelos bancos comerciais, de novas modalidade­s de crédito, sobretudo de apoio ao capital fixo e ao financiame­nto de capital circulante, como o factoring, confirming e leasing.

Solicitara­m, ainda, a definição de um quadro regulatóri­o no domínio das insolvênci­as e recuperaçã­o de empresas, implementa­ndo um Programa de Recuperaçã­o de Insolvênci­a das Empresas, capaz de garantir a sobrevivên­cia de empresas ainda viáveis.

Relativame­nte à certificaç­ão da dívida pública, pedem que a tramitação dos processos de reconhecim­ento e certificaç­ão seja mais célere, na medida em que as empresas, não raro, se deparam com a condição de credores do Estado e por outro lado devedoras fiscais. Além disso, pedem a introdução do seguro de crédito agropecuár­io para aumentar as garantias de produção e de crédito bancário das unidades produtivas.

Participar­am no encontro de terça-feira representa­dos de várias associaçõe­s, entre as quais, a Associação Agropecuár­ia de Angola (AAPA), Associação dos Hotéis e Resorts de Angola (AHRA) e a Associação de Concession­ários de Equipament­os e Transporte­s Rodoviário­s (ACETRO).

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Carlos Cunha falou à imprensa em nome das associaçõe­s empresaria­is nacionais
KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Carlos Cunha falou à imprensa em nome das associaçõe­s empresaria­is nacionais

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