Fim do prazo de liquidação do IPU agita as repartições
Ontem, o processo pecava pela aglomeração de contribuintes e pela frequente quebra do sinal do sistema tecnológico
No último dia do prazo para a liquidação do Imposto Predial Urbano (IPU), ontem, as repartições fiscais de Luanda percorridas pelo Jornal de Angola registaram um movimento maior de contribuintes preocupados com o pagamento da segunda prestação.
De acordo com um funcionário da Administração Geral Tributária (AGT), que não aceitou identificar-se, nos últimos dias, o número de contribuintes que acorreu às repartições fiscais para o pagamento do IPU cresceu “quase o dobro, principalmente no período da manhã”.
Apesar da situação, o funcionáriogarantiuqueoprocesso decorreusemsobressaltos,tendo apeladoaoscontribuintesa evitarem efectuar o pagamento nos últimos dias, uma vez que, essa é uma prática recorrente.
O supervisor de uma empresa de segurança Daniel Cândido lamentou à nossa reportagem, enquanto aguardava, na fila, a sua vez, na 2ª Repartição Fiscal, a lentidão no atendimento devido ao sistema tecnológico, que não permitia maior celeridade.
“Desde as 13h00 que aqui cheguei, até agora (são 14h30 minutos), ainda não fui atendido”, disse Daniel Cândido que, mesmo não sabendo ainda o valor a pagar, pretendia liquidar o IPU de uma residência e de um escritório pertencentes à empresa para a qual trabalha.
A assistente administrativa de uma empresa privada Sónia Marisa João, por sua vez, mostrava-se satisfeita por ter conseguido efectuar o pagamento do IPU no último dia, quando já eram quase 15h00.
A jovem pagou na 1ª Repartição Fiscal, situada ao longo da rua Rainha Ginga, o valor de 797.559 kwanzas de dívida do IPU de duas residências alugadas a uma instituição pública, mas teve de esperar na fila por mais de 45 minutos. “Só não paguei antes por falta de tempo”, acrescentou.
Na fila, na 4ª Repartição Fiscal, situada em Talatona, estava o idoso Nelson Graça para pagar o valor de 588 920 kwanzas de IPU correspondente a quatro imóveis pertencentes ao grupo empresarial Humbertico Lda.
Nelson Graça justificou o pagamento tardio do IPU pela falta de recursos financeiros. “A disponibilidade de liquidez para efectuar o pagamento está, para mim, na base do atraso deste pagamento. Como se sabe, a situação económica do país está cada vez mais difícil”, concluiu.
O cenário de aglomeração de contribuintes acima da média diária, nos dois últimos dias, verificou-se em diversas repartições fiscais.
Previsão de receitas
Com o pagamento da segunda prestação do IPU, que começou a 1 de Julho e terminou ontem, a AGT prevê arrecadar um montante próximo do alcançado no primeiro semestre, sendo cinco mil milhões sobre o património e 15 mil milhões sobre as rendas, de acordo com informações há uma semana prestadas a este jornal pelo técnico da Direcção dos Serviços Fiscais da AGT Cândido Carneiro.
Naquela altura, acrescentou Cândido Carneiro, as receitas resultantes da cobrança da primeira prestação do Imposto Predial Urbano, de Janeiro a Junho do ano em curso, registavam um significativo incremento de 15,3 por cento em relação ao período homólogo de 2018.