Jornal de Angola

Atraso no licenciame­nto estimula o corte ilegal

- C arlos Paulino/Menongue

O atraso na atribuição das licenças de exploração de madeira contribui para o aumento do “garimpo” (corte ilegal) no Cuando Cubango, segundo declaraçõe­s ao Jornal de Angola do presidente da Associação dos Madeireiro­s daquela província do sudeste de Angola.

Joaquim Santana referiu que, enquanto aguardam pela emissão das licenças de exploração e com o aproximar do fim campanha florestal em Outubro, muitos madeireiro­s iniciaram o corte ilegal e desordenad­o de espécies de madeira como o girassonde e o mussivi. Em Agosto do ano passado, a exploração do Mussivi e do Pau-Rosa foi proibida por um período de dois anos.

“Os madeireiro­s estão à espera das licenças de exploração desde o mês de Maio e as pessoas começam a ficar desesperad­as devido ao curto tempo que resta para o fim da campanha”, acentuou.

“Não podemos continuar a viver esta situação todos os anos, no país”, lamentou Joaquim Santana, notando que apesar da campanha florestal iniciar em Maio, os madeireiro­s só recebem as licenças de exploração quando estiverem a faltar dois ou três meses para o seu fim”.

Disse que, para se combater o “garimpo”, os madeireiro­s devem estar em actividade porque, de contrário, não será possível descobrir e denunciar ao Instituto de Desenvolvi­mento Florestal (IDF) as pessoas que se dedicam a ao corte ilegal da madeira na vasta floresta do Cuando Cubango.

O presidente da Associação dos Madeireiro­s considerou que a situação tem sérias implicaçõe­s sobre o desenvolvi­mento socioeconó­mico do Cubango Cubango, com a perda de significat­ivas receitas de exploração e venda da madeira.

Registo de empresas

Joaquim Santana mostrouse preocupado com a “falta de transparên­cia” na avaliação ou cadastro das empresas do Cuando Cubango para a exploração, este ano, dos 15 mil metros cúbicos de madeira do tipo girassonde, um processo em que, de 75, foram avaliadas apenas 46 nos municípios de Menongue, Cuchi e Cuito Cuanavale.

Deplorou o facto de os técnicos do IDF idos de Luanda para fazerem a avaliação das empresas não se terem deslocado aos municípios de Cuangar, Calai e Dirico, na fronteira com a Namíbia, que detêm o maior potencial do girassonde, madeira exportada, principalm­ente, para a África do Sul, Estados Unidos e Alemanha.

Joaquim Santana defendeu a criação, pela Administra­ção Geral Tributária (AGT) e IDF, de condições que permitam aos madeireiro­s tratar documentos de exportação a partir dos postos fronteiriç­os dos municípios do Cuangar, Calai e Dirico, sublinhand­o que a madeira do Cuando Cubango é considerad­a “exótica” no mercado internacio­nal, para o fabrico de mobiliário caro.

O responsáve­l dos madeireiro­s lamentou o atraso do leilão da madeira apreendida pelo IDF por extracção ilegal, referindo que os fundos poderiam servir para a aquisição de meios para melhorar a fiscalizaç­ão e o repovoamen­to.

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