Jornal de Angola

Declarante­s exigem do réu a devolução de dinheiro

- André da Costa

Cinco declarante­s, arrolados no julgamento do comissário da Polícia Nacional Francisco Massota, exigiram ontem em Tribunal, ao principal réu, a devolução total dos valores entregues à ré Elizandra Tomás para o seu ingresso nas fileiras da corporação.

Ontem, o Supremo Tribunal Militar ouviu cinco declarante­s que afirmaram, de forma separada, terem entregue, cada um, a quantia de 300 mil kwanzas à ré Elizandra Tomás, que havia se comprometi­do a fazer chegar ao comissário Francisco Massota, para facilitar o ingresso na Polícia Nacional.

Durante a nona sessão de audiência, o juiz da causa ouviu os declarante­s Patrick Junqueira, Marcos Morais Baião, Josimar Domingos, Felisberta Domingos, Augusto António Nguenji, que foram unânimes em afirmar que entregaram 300 mil kwanzas, entre 2015 e 2016, à ré Elizandra Tomás. Patrick Junqueira, 24 anos, motorista de profissão, disse que entregou pessoalmen­te 300 mil kwanzas à ré Elizandra Tomás, a quem conheceu em Fevereiro de 2016. Segundo ele, a agente lhe havia dado garantias de resolver o caso no mês seguinte, ou seja em Março, o que não aconteceu.

O jovem pretende tão somente que lhe seja devolvido o dinheiro que entregou, uma vez que não chegou a ingressar na corporação, desejo também manifestad­o por Marcos Baião, que afirma ter entregue também igual montante à ré, em Setembro de 2015, com a mesma finalidade.

Felisberta Domingos, 42 anos, disse que entregou a mesma quantia à agente Elizandra Tomás, para facilitar o ingresso do seu filho.

Angelina Tomás, mãe da ré Elizandra Tomás, arrolada como testemunha, desmaiou ontem, em pleno Tribunal, quando era interpelad­a pelo juiz da causa, tenente-general Domingos Salvador.

O Supremo Tribunal Militar vai continuar a ouvir mais declarante­s neste processo que teve início no dia 23 de Junho. Em audiências anteriores, Elizandra Tomás e a irmã, Márcia Crispim, afirmaram que o dinheiro recolhido foi entregue ao comissário Francisco Massota.

O Tribunal sustenta que o valor total do montante recolhido está cifrado em 26 milhões de kwanzas. Deste valor, Francisco Massota diz ter devolvido 600 mil e 400 kwanzas, de um milhão e 800 mil kwanzas, que afirma ter recebido.

O comissário Francisco Massota, 59 anos, conselheir­o do comandante­geral da Polícia Nacional, é julgado por suposta prática de 30 crimes de burla por defraudaçã­o, conduta indecorosa e abuso no exercício do cargo, quando era o director da Escola Nacional de Formação de Polícia de Protecção e Intervençã­o.

Além de Francisco Massota, estão arrolados no processo como réus cinco elementos da Polícia Nacional: as agentes Márcia Crispin e Elizandra Tomás, os subinspect­ores Elsa Manuel e Belchior Kussendala, além do intendente Veloso Moisés, acusados de conduta indecorosa e burla.

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