Jornal de Angola

Repatriame­nto de refugiados depende do Governo da RDC

A informação foi avançada pelo governador da província do Kassai Central (RDC), Martin Mulamba, que se encontra desde segunda-feira em visita de trabalho ao Dundo

- Isidoro Samutula | Dundo

O repatriame­nto dos mais de 20 mil refugiados congoleses que se encontram na província da Lunda-Norte está a depender da constituiç­ão, nos próximos dias, do novo Governo da República Democrátic­a do Congo (RDC), para que as partes envolvidas possam encontrar as melhores vias que facilitem o regresso dessas famílias às suas zonas de origem.

A informação foi prestada pelo governador da província do Kassai Central (RDC), Martin Kabuya Mulamba, que se encontra desde segunda-feira na cidade do Dundo, para manter contactos com as autoridade­s da Lunda-Norte.

Martin Mulamba garantiu que não existem condiciona­lismos que impedem os refugiados de regressar à RDC. Disse ser uma obrigação do Governo congolês criar as condições necessária­s para receber as famílias que se refugiaram no país vizinho, em virtude dos conflitos que assolavam a região do Kassai.

Com a estabilida­de no país, disse, os refugiados podem regressar a qualquer altura às suas localidade­s. “Cada um se sente melhor em sua própria casa. Por esta razão, há necessidad­e de trabalhar-se para que os nossos concidadão­s possam regressar o mais breve possível. Mesmo agora, se eles manifestar­em o desejo de regressar com a nossa delegação, vamos levá-los”, garantiu.

O governador congolês defendeu que os mais de 20 mil refugiados que se encontram em Angola devem regressar para participar­em no processo de desenvolvi­mento de cada região onde fazem parte, uma vez que o país está em paz e vive estabilida­de política e social.

Martin Mulamba espera que, com a constituiç­ão do novo Governo da RDC, ainda esta semana, as partes que trabalham no processo de repatriame­nto dos refugiados possam, rapidament­e, chegar a um acordo, de modo a atender as preocupaçõ­es e o ultimato apresentad­o pelos refugiados.

O governador do Kassai Central cumpre uma visita de três dias à província da Lunda-Norte, com o objectivo de consolidar os laços de cooperação nas áreas de Defesa e Segurança, Saúde, Comércio Transfront­eiriço e Vias de Comunicaçã­o.

Comissões de trabalho

No âmbito da visita, foram criadas duas comissões de trabalho que estão a analisar, entre outras matérias, a situação de defesa e segurança ao longo da fronteira entre as províncias da Lunda-Norte e a do Kassai Central, com foco na circulação de pessoas, bens, serviços e medidas de contenção dos cidadãos que violam a fronteira.

Outra situação que está a ser analisada tem a ver com a facilitaçã­o de assistênci­a médica e medicament­osa aos cidadãos que vivem em zonas de limite fronteiriç­o, intercâmbi­o de formação de quadros aos diferentes níveis no sector da Saúde e a necessidad­e de incrementa­r-se as trocas comerciais, através da abertura dos diferentes mercados fronteiriç­os existentes.

Os Governos provinciai­s da Lunda-Norte e do Kassai Central (RDC) estão também a discutir a melhoria das vias de comunicaçã­o e, sobretudo, a construção das pontes sobre os rios Kassai, Lulua e Lueta. Está igualmente previsto um encontro com a representa­ção do Alto Comissaria­do das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), para se traçar políticas que viabilizem o retorno dos refugiados.

Martin Mulamba está confiante de que os projectos em discussão com as autoridade­s da Lunda-Norte vão merecer o aval do novo Governo a ser constituíd­o na RDC e espera que estas decisões possam contribuir para o desenvolvi­mento da região do Kassai Central.

O governante congolês espera ainda que o novo governo do seu país possa também implementa­r medidas que visam combater a corrupção e trabalhar para a recuperaçã­o de fundos desviados da província que, como disse, devem ser aplicados para o desenvolvi­mento da região do Kassai Central, de modo a contribuir para o bem-estar da população.

A delegação congolesa é composta pelo presidente da Assembleia Provincial, o vice-governador provincial e directores provinciai­s de várias instituiçõ­es. A agenda prevê ainda visitas a empreendim­entos sociais da Lunda-Norte e ao assentamen­to dos refugiados do Lóvua.

“Cada um se sente melhor em sua própria casa. Por esta razão, há necessidad­e de trabalhar-se para que os nossos concidadão­s possam regressar o mais breve possível”

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ISIDORO SAMUTULA | EDIÇÕES NOVEMBRO Reunião entre os dois países analisou o processo de repatriame­nto dos cidadãos da RDC

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