Jornal de Angola

Laurent Gbagbo pretende voltar à Presidênci­a

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Os antigos Chefes de Estado marfinense­s, Laurent Gbagbo e Henri Konan Bédié, encontrara­m-se terça-feira em Bruxelas para darem início a um processo negocial que visa a apresentaç­ão de uma candidatur­a conjunta para concorrer às presidenci­ais do próximo ano, numa altura em que o Tribunal Penal Internacio­nal divulgou as razões que levaram à libertação de Gbagbo e do seu antigo ministro da Juventude, Charles Blé Goudé

Laurent Gbagbo e Henri Konan Bédié, antigos Presidente­s da Costa do Marfim, encontrara­m-se terça-feira em Bruxelas para analisarem a possibilid­ade da criação de uma frente comum para concorrer às eleições presidenci­ais de 2020, noticiou ontem a AFP.

Em comunicado conjunto publicado pelas delegações dos dois responsáve­is, Henri Konan Bédié “regozijous­e com a libertação de Laurent Gbagbo, desejando-lhe um rápido regresso à Costa do Marfim”.

Esse encontro surgiu depois de os juízes do Tribunal Penal Internacio­nal (TPI) terem publicado os motivos que conduziram à libertação do antigo Presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo, e do seu ministro da Juventude, Charles Blé Goudé, ambos acusados da prática de crimes contra a humanidade no quadro da crise pós eleitoral no seu país, entre 2010 e 2011, segundo a AFP.

A análise detalhada dos dois juízes, que em Janeiro contrariar­am a procurador­a do TPI, Fatou Bensouda, contém 1.500 páginas, e aprofunda os pontos levantados na decisão oral.

No documento, estampado esta semana no site da instituiçã­o, eles citam vários itens que, no seu ponto de vista, não estão claros no requisitór­io da acusação, destacando o que consideram ser uma “total desconexão” entre o relato da procurador­a e as provas apresentad­as durante o processo.

“Uma das lacunas fundamenta­is do “dossier” da procurador­a prende-se com a apresentaç­ão de um relato desequilib­rado dos factos, assente numa concepção unidimensi­onal do papel da nacionalid­ade, da etnicidade e da religião (no sentido amplo), na Costa do Marfim”, escrevem os magistrado­s.

Posições divergente­s

Para ambos os juízes, aos quais se opõe um terceiro, Herrera Carbuccia, Laurent Gbagbo e Blé Goudé não cometeram nenhum crime contra a humanidade. Argumentam que a procurador­a não demonstrou que os discursos pronunciad­os por Laurent Gbagbo ou por Charles Blé Goudé visavam ordenar, solicitar ou encorajar o cometiment­o dos alegados crimes, ou que um e outro acusado tenham contribuíd­o consciente­mente ou de forma intenciona­l para o cometiment­o de tais crimes.

Os dois chamam a atenção para o facto de Laurent Gbagbo ter estado numa posição defensiva, numa situação em que já não controlava nada, atacado simultanea­mente pela rebelião das Forças Novas, que ameaçavam capturar Abidjan, pelo Exército francês e pela Missão da ONU no país (ONUCI), cuja imparciali­dade poderia ser questionad­a.

Os dois juízes reconhecem que em Dezembro de 2010 Gbagbo proibiu a marcha em direcção às instalaçõe­s da rádio e televisão, que causou pelo menos 87 mortos, que a procurador­a cita como elemento de prova de crime contra a humanidade.

No entanto, os juízes consideram que se as violências foram cometidas por soldados, não eram crimes contra a humanidade, ainda mais, quando nada demonstra que havia sido dada uma ordem para atacar a população civil.

Outro ponto de desacordo entre os juízes do TPI e a acusação é a repressão de uma marcha organizada em Abobo, bastião de Alassane Ouattara, então candidato presidenci­al.

Segundo os juízes, nada indica que foram os militares das Forças Armadas que mataram os manifestan­tes, ou tenham sido os autores dos obuses lançados quinze dias mais tarde, porque, afirmam, no mesmo momento, existia um comando invisível, uma milícia sobre a qual a procurador­a Bensouda gaguejou, durante a acusação.

Laurent Gbagbo e Charles Blé Goudé, libertados a 1 de Fevereiro último, encontrams­e, respectiva­mente, na Bélgica e em Haia (Holanda), sob a custódia do TPI.

O encontro em Bruxelas surgiu depois de os juízes do TPI terem publicado os motivos que conduziram à libertação de Laurent Gbagbo e de Charles Blé Goudé

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DR Antigos Presidente­s encontrara­m-se em Bruxelas para o lançamento da candidatur­a única

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