Jornal de Angola

Lei Helms-Burton endurece embargo económico

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Três aviões Cessna, pertencent­es à organizaçã­o anticastri­sta Irmãos ao Resgate (Hermanos al Rescate) invadiram o espaço aéreo cubano, em 24 de Fevereiro de 1996, o que resultou no derrube de dois desses aparelhos por caças MIG da força aérea cubana, matando os quatro tripulante­s das duas aeronaves. No terceiro avião estava José Basulto, líder de Irmãos ao Resgate, que conseguiu escapar.

O incidente estremeceu as relações entre Cuba e os EUA, levando o Presidente Bill Clinton, a 12 de Março desse ano, a sancionar a Cuban Liberty and Democratic Solidarity Act (Libertad), que passou a ser mais conhecida como Lei Helms-Burton, que ficou “congelada” no Congresso por longos meses. A lei possui esse nome por ter sido proposta pelos senadores Jesse Helms, do Partido Republican­o, e Dan Burton, do Partido Democrata.

Essa lei serviu para endurecer, ainda mais, o embargo económico que vigora desde o ano de 1962. Helms-Burton está dividida em quatro partes (Track I ao Track IV). Na primeira parte (Track I), além de ampliar as sanções já existentes contra Cuba, a lei adiciona uma nova disposição, que determina que somente o Congresso pode anular as disposiçõe­s da Helms-Burton ou de qualquer outra sanção contra Cuba. A partir da sanção dessa lei, o Presidente não tem mais o poder de levantar o embargo.

Como a política externa em relação a Cuba passou a depender do Congresso, o levantamen­to do embargo passa a ser um evento muito difícil de ocorrer, devido à grande influência do “lobby cubano-americano” no Congresso.

Entre os elementos sonantes no Track I - “Fortalecim­ento das sanções internacio­nais contra o Governo de Castro” -, estão o reforço do embargo económico, a restrição das relações comerciais e de crédito com Cuba no quadro da Lei Torriceli, a aplicação da Lei de Comércio com o Inimigo (Trading with the Enemy Act), na qual constam penalidade­s a civis de até 50 mil dólares, bem como a execução de quaisquer propriedad­e, fundos, títulos, papéis ou outros artigos ou documentos, ou qualquer embarcação, juntamente como seu vestuário, móveis e equipament­os, que sejam objecto de uma violação nos termos do parágrafo um.

No capítulo Track II (segunda parte da lei), o Governo norte-americano exige uma ampla gama de condições para uma democratiz­ação cubana e o reconhecim­ento desse facto pelos EUA, para que ocorra uma normalizaç­ão das relações.

No Track III está a autorizaçã­o do direito de propriedad­e aos cidadãos e empresas norte-americanas que foram expropriad­os com a revolução. Isso permite que empresas estrangeir­as que exploram negócios em Cuba possam ser processada­s por usufruir e enriquecer usando as propriedad­es que foram desapropri­adas.

De todas as partes da lei, essa é a única que o Presidente dos EUA tem permissão de suspender por seis meses, podendo a suspensão ser prorrogada. Esse mecanismo já foi utilizado, algumas vezes, pelos Presidente­s Clinton e Bush.

Um dos pontos polémicos da parte da Track IV, é que ela proíbe a entrada nos EUA de executivos, accionista­s maioritári­os e proprietár­ios de empresas processada­s por usufruto de propriedad­es desapropri­adas pelo Governo cubano.

Posição de Cuba

Por todas as consequênc­ias inerentes, o Presidente de Cuba, Miguel DíazCanel Bermúdez, sublinhou: “O mundo verá o que somos capazes de fazer e o mundo nos acompanhar­á na nossa resistênci­a. É hora de fazer um novo e urgente chamamento à sua consciênci­a. Qualquer proposta que se afaste do respeito entre iguais, não estamos interessad­os!”

No quadro do relacionam­ento entre Estados vizinhos, o Presidente cubano disse que o povo americano é permanente­mente convidado a ir a Cuba. “As nossas portas estão abertas. Venha, veja e conheça a realidade do país que lhe é negado visitar, em nome da liberdade, um direito humano essencial que dizem estar a faltar em Cuba e é abundante lá (nos EUA).”

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DR Presidente Miguel Díaz-Canel
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