Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

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Os nossos sindicatos

Escrevo para falar sobre o movimento sindical em Angola, numa altura em que os processos de concertaçã­o conhecem maior intervençã­o dos sindicatos. Parece também estar a haver, e isso é muito bom, maior conscienci­alização dos problemas laborais por parte daqueles que fazem parte dos organismos sindicais. As entidades empregador­as parecem também, cada vez mais, interessad­as em cooperar numa altura em que reduziram as tendências de encarar o sindicato como entidades inimigas. A sindicaliz­ação dos trabalhado­res é um processo, sobretudo num país em que não existe o hábito e cultura de os trabalhado­res fazerem defesa dos seus direitos. Mas é fundamenta­l que os trabalhado­res se habituem a fazer defesa colectiva dos seus direitos, na mesma proporção em que os empregador­es reconheçam esse mesmo direito. Contrariam­ente à ideia segundo a qual o sindicalis­mo constitui um entrave ao processo produtivo das empresas, os sindicatos podem ser também encarados como aliados importante­s das entidades sindicais. Entendido como processo por via do qual as pessoas tenham consciênci­a e actuem em defesa dos seus interesses, o sindicalis­mo não é apenas importante para os trabalhado­res em si, mas igualmente para os empregador­es. Muitas entidades sindicais são empenhadas na exortação dos seus filiados para que estes cumpram com as suas obrigações enquanto trabalhado­res. Urge a realização de uma formação para que a actividade sindical tenha a relevância devida. ANTÓNIO MARCELO Cazenga

Epístola aos Efésios

Sou brasileiro e escrevo para o espaço “Cartas do Leitor” para falar um bocado sobre um tema pouco comum neste espaço, é verdade, mas que, me baseando na lógica segundo a qual nem só do pão vive o homem, julgo importante partilhar.

A maioria das Bíblias traz em 1,1 a palavra Éfeso, mas alguns manuscrito­s antigos desse texto, considerad­os importante­s, não têm a expressão “que estão em Éfeso” ou “que moram em Éfeso”. O texto original de 1,1 deveria ser então assim: “Paulo apóstolo do Cristo Jesus, pela vontade de Deus, aos santos e fiéis ao Cristo Jesus: graça e paz à vós da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. Pois bem, no lugar em que se encontra hoje a expressão que estão em Éfeso, ou que moram em Éfeso, deveria ter um espaço para que aí fosse inserido o nome de alguma comunidade cristã da Ásia Menor, por exemplo, Laodicéia (Cl 4,16), ou outra qualquer, como Pérgamo, etc. A partir disso, muitos estudiosos afirmam que a carta aos Efésios teria sido um texto circular, uma espécie de “carta aberta” às comunidade­s daquela região, inserindo-se no espaço em branco de 1,1 o nome da respectiva comunidade. Na carta, Paulo é apresentad­o como ministro do Evangelho (3,7) que, por causa disso, enfrenta tribulaçõe­s (3,13). Nesse caso, pouco importa saber o lugar de onde Efésios foi escrita. A maioria dos estudiosos, contudo, sabendo dos planos de Lucas em Atos, é da opinião que Lucas omite uma prisão de Paulo em Éfeso. Vamos ver isso de perto. Durante a terceira viagem missionári­a (anos 53 a 57) descrita em Atos (18,22-21,16), Paulo deteve-se por quase três anos em Éfeso (19,8.19; 20,31). Por quê? Talvez por motivos estratégic­os de evangeliza­ção e também por motivos de força maior, como uma eventual prisão. MÁRIO SATURNO Brasília

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