Transumância
Carla Cativa disse que mais de dez mil cabeças de gado, provenientes de Namacunde, província do Cunene, e do Rundu (Namíbia), estão a emigrar para a região do Cuangar, em busca de água nos rios Cubango e Cuatir. Salientou que a transumância é um fenómeno que pode acarretar inúmeras situações, como a febre afectosa, apesar de ainda não existir registo de casos do género.
Acrescentou que é necessário fazerse um cadastramento da população animal, para um maior controlo. Carla Cativa apontou como medidas para mitigar os efeitos da transumância o rastreio e cadastramento dos animais, visto que não se sabe em que condições de saúde chegam ao Cuangar, tudo porque a fronteira é bastante extensa e há um número bastante reduzido de técnicos veterinários.
O município do Cuangar conta com 48 enfermeiros e dois médicos de nacionalidade angolana, para prestar assistência médica e medicamentosa aos mais de 30 mil habitantes da referida localidade, muitos dos quais obrigados a recorrer à Namíbia onde pagam valores avultados. “Esperamos que o problema da falta de técnicos de saúde a nível do município, com realce para a classe de médicos, possa ser resolvido nos próximos concursos públicos”, disse a administradora.
Segundo a administradora do Cuangar, mensalmente são distribuídos medicamentos às unidades sanitárias da circunscrição.
Salientou que o município do Cuangar conta com oito unidades sanitárias, sendo cinco postos de saúde, dois centros médicos e um hospital municipal, assegurados por 48 enfermeiros e dois médicos de clínica geral. “Precisamos especialistas que possam dar resposta às áreas de maternidade, pediatria, tuberculose, lepra, malária e outras doenças infecciosas”.
Carla Cativa acrescentou que este ano foram notificados dez casos de lepra na comuna do Savate, mas, devido a falta de técnicos especializados, os doentes foram transferidos para a cidade de Menongue.
Segundo a administradora, a população tem tido inúmeros problemas na transportação de pacientes do município do Cuangar (Cuando Cubango) para a região do Rundu (Kavango Este) na Namíbia, visto que até ao momento há limitações no que tange à emissão de passes de travessia, que abrangem apenas 60 quilómetros de distância e as unidades sanitárias do país vizinho estarem localizados a mais de 80 quilómetros. A administradora Carla Cativa disse que a falta de infra-estruturas rodoviárias no Cuangar tem dificultado o desenvolvimento socioeconómico da referida região, onde a população tem encontrado inúmeras dificuldades para efectuar as trocas comerciais e o escoamento de produtos agrícolas do campo para a cidade.
“O limite implementado actualmente nos passes de travessia tem criado inúmeros transtornos aos munícipes do Cuangar, visto que os mesmos deslocam-se sempre até a região do Kavango Este, em busca de bens e serviços, para a melhoria das suas condições de vida”, disse a administradora.
Carla Cativa defende a construção de uma ponte, para ligar por terra a região do Kavango Este ao município do Cuangar, para mitigar o grau de dificuldades que as populações atravessam ao deslocar-se em busca de assistência médica e medicamentosa. Salientou que a conclusão da estrada internacional, que liga por estrada a província do Cuando Cubango (Angola) com a região do Kavango Oeste (Namíbia), vai incentivar o desenvolvimento económico e social do município do Cuangar.
“Almejamos que a referida infraestrutura rodoviária possa ser concluída, ainda este ano, para que, em curto prazo, possamos alcançar índices de desenvolvimento consideráveis e que a população deixe de ter a falta de quase tudo para sobreviver”, concluiu.