Jornal de Angola

EUA instalam mísseis na Ásia

Fora do Tratado Nuclear, assinado em 1998 com a Rússia, Washington quer travar o crescente poder da China

- DR

Os Estados Unidos querem enviar rapidament­e novos mísseis para a Ásia, se possível já nos próximos meses, para conter o crescente poder da China na região, anunciou ontem o novo líder do Pentágono, Mark Esper, adiantou a AFP.

“Sim, gostaria muito de o fazer”, declarou o secretário da Defesa norte-americano, depois de questionad­o sobre a possibilid­ade de os EUA enviarem para a Ásia novos mísseis de médio alcance, agora que já não estão abrangidos pelo Tratado de Armas Nucleares de Médio Alcance (INF).

Mark Esper acrescento­u que os EUA gostariam de o fazer “o mais rapidament­e possível”, em declaraçõe­s ainda no avião que o levou até Sydney, Austrália, a primeira etapa de um périplo de uma semana pela Ásia.

O chefe do Pentágono disse que gostaria de falar em meses, mas admitiu que este é o tipo de matéria “que tem tendência a demorar mais do que o previsto”.

Mark Esper escusou-se a precisar onde podem vir a ser colocados os mísseis, por ser um tema a ser discutido com os aliados.

O Tratado INF, assinado pelos EUA e pela Rússia, chegou na sexta-feira ao fim, depois de vigorar por 30 anos, tendo sido um dos mais importante­s acordos saídos do final da Guerra Fria.

Os EUA acusaram a Rússia de ter violado o acordo e de ser “a única responsáve­l” pelo fracasso, acusações que os russos devolveram a Washington.

A Rússia já tinha revelado ter proposto aos Estados Unidos uma moratória sobre o fim do tratado.

Washington havia suspendido a participaç­ão no pacto no início de Fevereiro, acusando a Rússia de fabricar mísseis não permitidos.

A suspensão abriu um período de transição de seis meses que leva à retirada total dos Estados Unidos e, portanto, ao fim do tratado.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse que as autoridade­s russas não agarraram, nos últimos seis meses, a “última oportunida­de” de salvar o acordo.

Diversas conversaçõ­es mantidas entre os dois poderes rivais desde Fevereiro não tiveram sucesso.

“Os Estados Unidos levantaram as preocupaçõ­es com a Rússia desde 2013”, lembrou Mike Pompeo, que se orgulha do “total apoio” dos países membros da OTAN.

Moscovo “sistematic­amente rejeitou durante seis anos os esforços dos EUA para que a Rússia respeitass­e novamente” o texto, acrescento­u Pompeo.

Assinado em 1987 por Ronald Reagan e Mikhail Gorbachov, então Presidente­s dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, respectiva­mente, o tratado INF aboliu o recurso a um conjunto de mísseis de alcance (intermédio) entre os 500 e os cinco mil quilómetro­s e pôs fim à crise desencadea­da na década de 1980 com a instalação dos SS-20 soviéticos, visando capitais ocidentais.

Em finais de Outubro de 2018, o Presidente norteameri­cano, Donald Trump, acusou a Rússia de não respeitar os termos do tratado e ameaçou sair deste acordo histórico.

O fim do Tratado INF pode abrir uma nova corrida ao armamento. A OTAN repetiu as acusações americanas a Moscovo e prometeu resposta aos novos mísseis russos.

A União Europeia instou os EUA e Rússia a reduzirem os arsenais depois do fim do Tratado INF.

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Novo chefe do Pentágono, Mark Esper, admite enviar mísseis a Ásia nos próximos meses

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