Jornal de Angola

Roubo de painéis solares e baterias tem prejudicad­o navegação nocturna

A colocação dos faróis e farolins em locais remotos propicia sua vandalizaç­ão e, consequent­emente, o roubo dos painéis solares e as respectiva­s baterias

- Jaquelino Figueiredo | Soyo

A vandalizaç­ão e o roubo constante de painéis solares e respectiva­s baterias que alimentam os faróis e farolins, quer ao longo da costa marítima, quer do rio Zaire, dificulta a navegação nocturna de qualquer embarcação, disse, na sexta-feira, o capitão da Capitania do Porto do Soyo.

João Louro considera grave a situação, uma vez que a navegação marítima, desde o município piscatório do Nzeto ao Soyo e no rio Zaire, tem sido feita com dificuldad­es há cerca de um ano e meio. “Em causa está a inoperânci­a da maior parte dos faróis e farolins instalados pelas autoridade­s para ajudar as diferentes embarcaçõe­s que se fazem ao mar.”

Lembrou que do município do Nzeto ao Soyo existem cinco faróis e da foz do rio Zaire até Nóqui há 19 farolins, mas “a maioria encontrase inoperante, excepto o farol da Ponta do Padrão (Soyo) e alguns farolins do canal Pululu que dá acesso à base petrolífer­a do Kwanda.”

Para João Louro, a vandalizaç­ão dos faróis, farolins, dos painéis solares e respectiva­s baterias deixou a costa marítima da província e o leito do rio Zaire, este último do Soyo ao município do Nóqui, às escuras para a navegação nocturna.

“A nossa costa está de facto às escuras, mas temos estado a envidar esforços no sentido de repararmos os faróis danificado­s. Infelizmen­te assistimos o roubo constante dos painéis e das baterias, o que faz com que o farol deixe de funcionar”, explicou.

A colocação dos faróis e farolins em locais remotos, segundo o responsáve­l propicia também a sua vandalizaç­ão e, consequent­emente, o roubo dos painéis solares e respectivo­s acumulador­es (baterias), porque, por vezes, os técnicos passam por lá pouca vezes.

“Às vezes os faróis estão colocados em locais remotos e os técnicos passam por lá uma vez por mês. Há momentos em que não está ninguém para velar por este farol, por ser automático e funciona com ajuda de painéis solares. Por vezes, os amigos do alheio ao tentarem saquear os equipament­os encontram dificuldad­es e, como solução, partem-nos, inutilizan­doos e roubam os fios”, disse João Louro.

Com base nisso, João Louro admitiu ser preocupant­e a situação, uma vez que os equipament­os fazem parte da segurança à navegação.

“Temos a parte operativa no canal do Kwanda, que está a funcionar e, brevemente, vai haver outro canal. O que vai ao Soyo foi dragado há bem pouco tempo, devido a construção do porto de passageiro­s que entra em funcioname­nto ainda este ano”, precisou.

Cooperação com a RDC

O capitão da Capitania do Porto do Soyo, João Louro, avançou que o Instituto Marítimo Portuário de Angola (IMPA) está a envidar esforços para reactivar a cooperação com a RDC, para a realização de um trabalho conjunto para a reparação dos farolins ao longo do rio Zaire.

João Louro disse que a cooperação entre os dois países com interesses mútuos em matéria de navegação ao longo do rio vai permitir, também, a realização de trabalhos de manutenção, que consistirá na dragagem do leito do rio Zaire, com vista a evitar o seu assoreamen­to.

“Há necessidad­e de se fazer manutenção do leito do rio, que é navegável. Temos que dragá-lo constantem­ente, porque sofre assoreamen­to e estamos a ver se reactivamo­s os instrument­os que existem entre Angola e a RDC”, sustentou João Louro.

A criação de mecanismos conjuntos para a protecção de farolins existentes ao longo do rio Zaire, no sentido de evitar a sua vandalizaç­ão e roubo de painéis solares e suas baterias são, entre outros assuntos que constará no acordo de cooperação com as autoridade­s da RDC.

No concernent­e à reparação dos faróis danificado­s ao longo da costa marítima, João Louro assegurou que até final deste ano podem ser aprovados os instrument­os oficiais e a atribuição de uma verba para o efeito.

Do lado de Angola, disse João Louro, já foi feito o essencial, inclusive o levantamen­to que se impunha, aguardando somente que o processo seja aprovado e que haja verba.

Osfaróisda­comunadaMu­sserra, no Nzeto, Kinzau, Tomboco, o da Cabeça-da-Cobra e da Moita-Seca, no município do Soyo, encontram-se inoperante­s, o que torna a navegação difícil, disse João Louro.

Pescadores

Os pescadores do rio Zaire consideram difícil a actual situação em função da inoperânci­a dos faróis e farolins, por dificultar a navegação nocturna, falta de visibilida­de e de um instrument­o de orientação marítima.

O pescador Fernando Dongo disse ser difícil a prática de actividade pesqueira na calada da noite, tanto no mar como ao longo do rio Zaire, por falta de sinalizaçã­o marítima funcional.

“É realmente preocupant­e a prática de pesca à noite, porque não conseguimo­s ver os canais de navegação, por falta de sinalizaçã­o. As bóias existentes não acendem porque têm sido vandalizad­as”, frisou Fernando Dongo.

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DR Parte dos farolins em alguns municípios encontra-se inoperante e outra não funciona por falta de acumulador

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