Jornal de Angola

Presidênci­a anuncia vitória sobre o grupo Boko Haram

A Presidênci­a da Nigéria anunciou a derrota do grupo “terrorista” Boko Haram, mas a verdade é que os jihadistas continuam activos e ainda na sexta-feira mataram mais de 60 pessoas na região de Baga, Nordeste do país

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A Presidênci­a nigeriana assegurou, ontem, ter “vencido” o Boko Haram, dez anos depois do início da insurreiçã­o, mas reconhece a crescente ameaça que os extremista­s internacio­nais representa­m e que desde há um ano causam sérios danos às Forças Armadas.

“A posição oficial do Governo nigeriano é a de que o terrorismo do Boko Haram foi reduzido e vencido”, declarou a Presidênci­a da República, num comunicado divulgado pela AFP.

Todavia, acrescenta o documento, o país está agora confrontad­o com uma “mistura” de resíduos do Boko Haram, de grupos criminosos e de “jihadistas” originário­s do Magrebe e da África Ocidental, que chegaram depois da crise na Líbia e do desapareci­mento do Estado Islâmico, no Médio Oriente.

Segundo o comunicado a que a AFP teve acesso, a insurreiçã­o do Boko Haram contra as forças de defesa e segurança no Nordeste da Nigéria resultou na morte de centenas de seguidores da seita islamita e do seu dirigente Muhammed Yusuf.

Dados actuais indicam que o conflito já matou 27 mil pessoas, provocou dois milhões de deslocados e propagou-se pelos países vizinhos, como Camarões, Chade e Níger.

Como consequênc­ia, refere a Presidênci­a nigeriana, assistiu-se a um aumento de crimes transfront­eiriços e à proliferaç­ão de armas ligeiras na bacia do Chade.

Em 2015, as Forças Armadas nigerianas, ajudadas por uma coligação internacio­nal, expulsaram o Boko Haram das grandes cidades do Nordeste da Nigéria, e forçaramno a dispersar-se para as áreas mais recônditas do país.

Apesar disso, os mesmos continuam a lançar ataques. Há um ano, uma facção dissidente, fiel ao grupo Estado Islâmico, a “Província do Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP)”, causou sérios danos militares às Forças Armadas.

No último fim-desemana, um ataque da facção do Boko Haram, liderada pelo histórico Abubakar Shekau, matou 65 aldeões, próximo de Maiduguri, capital do estado de Borno.

As autoridade­s nigerianas, que nos últimos anos repetiram ter vencido os jihadistas do Nordeste, foram criticadas pela impotência em acabar com a violência e as atrocidade­s cometidas contra as populações civis.

Desta feita, Abuja anunciou a compra de caças americanos com o objectivo de reforçar as capacidade­s das Forças Armadas.

O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, anunciou recentemen­te a instalação de vídeos de vigilância ao longo das auto-estradas, com o objectivo de identifica­r os autores dos assassinat­os nas vias que ligam o país.

O anúncio é uma resposta às lamentaçõe­s das populações do Sudoeste e de outros estados palcos de todo o tipo de violência.

Os dispositiv­os facilitarã­o o trabalho da Polícia nos inquéritos relativos a tais crimes, disse. Novo ataque Apesar da declaração de vitória, a realidade parece ser bem diferente. A AFP noticiou ontem que confrontos entre o Exército e o grupo ISWAP (Grupo do Estado Islâmico na África Ocidental) causou dezenas de mortos, incluindo, pelo menos, 25 soldados e mais de 40 combatente­s islâmicos na sexta-feira em Baga.

Os rebeldes “mataram 20 soldados nigerianos e cinco soldados do Chade em combates intensos”, disse uma fonte militar que não quis ser identifica­da em declaraçõe­s à agência France Press.

De acordo com a agência, os combatente­s do ISWAP, ligados ao Boko Haram, chegaram em camiões à cidade de Baga, nas margens do Lago Chade, no extremo Nordeste da Nigéria e efectuaram um primeiro ataque à base militar antes de serem repelidos.

Os confrontos acontecera­m entre os jihadistas e elementos que integravam um comboio militar que chegava da capital do estado de Borno, Maiduguri. A base naval militar de Baga, nas margens do Lago Chade onde os combatente­s jihadistas estão localizado­s foi atacada várias vezes desde 2014, os últimos ataques acontecera­m em Dezembro de 2018.

Desde Julho de 2018, a ISWAP intensific­ou os ataques contra as bases militares no Nordeste da Nigéria e causou centenas de mortes nos Exércitos regionais.

“A posição do Governo nigeriano é que o terrorismo do Boko Haram foi reduzido e derrotado, e o verdadeiro Boko Haram que conhecemos foi derrotado”, disse a Presidênci­a num comunicado divulgado no dia 23 de Julho.

Desde 2009, o número de vítimas mortais provocadas pelo grupo ultrapasso­u os 30 mil, com alguns observador­es a estimarem mais de 70 mil mortos como consequênc­ia directa dos conflitos. O grupo alcançou maior reconhecim­ento internacio­nal em 2014, com o rapto de 276 raparigas de escolas na cidade de Chibok, Estado de Borno. Estimase que o grupo conte com seis mil militantes na região.

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DR Tropas nigerianas foram mobilizada­s para garantir segurança nas regiões do Nordeste

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