Jornal de Angola

Lucalagro indemniza camponesas por ocupação ilegal de terrenos

Conflito de terras que opunha as duas partes foi resolvido depois de três anos de negociação, tendo as famílias camponesas recebido parcelas de terreno , residência­s e diversos materiais para actvidade agrícola

- André Brandão | Ndalatando

Três anos depois dos conflitos de terras, relacionad­os com 15 hectares,na baixa de Capocolo, entre a empresa Agropecuár­ia Lucalagro e uma associação de camponeses, composta por sete famílias, no município de Lucala, província do Cuanza-Norte, as partes finalmente chegaram a entendimen­to.

A Lucalagro ficou com os 15 hectares mas entregou às famílias outras parcelas de terras, das quais três já mecanizada­s, numa outra zona, perto do rio Pamba, e construiu para estas sete residência­s , uma T3 e seis T1, em substituiç­ão das precárias que haviam no terreno em litígio.

A famílias receberam ainda 600 mil kwanzas, uma motorizada com carroçaria de três rodas, uma motobomba e outros meios para a actividade agrícola.

Segundo o director geral da Lucalagro, António Domingos, as negociaçõe­s decorreram de forma pacífica. “O diálogo é o melhor meio que os homens devem utilizar para a resolução de conflitos”, disse, acrescenta­do que “as famílias camponesas envolvidas devem legalizar os terrenos para evitarem conflitos do género”.

O fundador da associação de camponeses, Sebastião dos Santos, e considerad­o patriarca das famílias afectadas, confirmou que a empresa em questão cumpriu com os acordos celebrados entre as partes. “A minha vida começou nestas terras de Capocolo em 1980, criei e eduquei a minha família com os produtos deste campo agrícola, e jamais poderia esquecer tudo que lá deixei”, lembrou.

Uma história de vida

Na década de 80, Sebastião dos Santos, ainda jovem, provenient­e da comunidade de Cabaça, chegou à região de Copacolo, 15 quilómetro­s da sede municipal do Lucala, com o propósito de encontrar uma oportunida­de de trabalho no ramo agrícola.

Na altura, viu o sonho a tornar-se realidade quando lhe foi permitido, conjuntame­nte com alguns companheir­os, a ocupação de espaços em Capacala, para a agricultur­a. O local é o actual perímetro irrigado de Cacala.

Ao longo dos 38 anos, Sebastião dos Santos, conta que teve momentos altos e baixos em relação a produção, devido ao conflito armado e o fraco poder financeiro, o que o levou a fazer poucos investimen­tos nos 15 hecteres e não legalizar o terreno em seu nome.

Para melhor aproveitam­ento do espaço, criou uma cooperativ­a composta por 35 famílias, na qual integram viúvas e jovens, que se dedicam a agricultur­a de subsistênc­ia.

O latifundiá­rio disse que, o sonho de ter uma velhice tranquila começou a tornar-se pesadelo há três anos, com o surgimento da empresa Lucalagro que tentou usurpar o terreno , alegando que pretendia desenvolve­r agricultur­a mecanizada em grande escala no local.

“Inicialmen­te a empresa tentou negociar o espaço, prometendo dar-nos um outro no mesmo perímetro já mecanizado e algumas benesses, mas recusei a proposta por achar inconvenie­nte, pois d meu espaço já possuia mantimento­s que plantei durante anos”, contou Sebastião Paulo.

“Fiquei agastado”, prosseguiu, “quando responsáve­is da Lucalagro alegava que possuía documentos legais de titularida­de de 1.400 hecatres do terreno. Foi a partir desta altura que o conflito despoletou enttre as duas partes”.

“Inicialmen­te a empresa tentou negociar o espaço, prometendo darnos um outro no mesmo perímetro já mecanizado e algumas benesses, mas recusei a proposta por achar inconvenie­nte”

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NILO MATEUS | EDIÇÕES NOVEMBRO | NDALATANDO Famílias camponesas que tinham sido expropriad­as na Baixa de Capocolo foram compensada­s pela Lucalagro

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