Lucalagro indemniza camponesas por ocupação ilegal de terrenos
Conflito de terras que opunha as duas partes foi resolvido depois de três anos de negociação, tendo as famílias camponesas recebido parcelas de terreno , residências e diversos materiais para actvidade agrícola
Três anos depois dos conflitos de terras, relacionados com 15 hectares,na baixa de Capocolo, entre a empresa Agropecuária Lucalagro e uma associação de camponeses, composta por sete famílias, no município de Lucala, província do Cuanza-Norte, as partes finalmente chegaram a entendimento.
A Lucalagro ficou com os 15 hectares mas entregou às famílias outras parcelas de terras, das quais três já mecanizadas, numa outra zona, perto do rio Pamba, e construiu para estas sete residências , uma T3 e seis T1, em substituição das precárias que haviam no terreno em litígio.
A famílias receberam ainda 600 mil kwanzas, uma motorizada com carroçaria de três rodas, uma motobomba e outros meios para a actividade agrícola.
Segundo o director geral da Lucalagro, António Domingos, as negociações decorreram de forma pacífica. “O diálogo é o melhor meio que os homens devem utilizar para a resolução de conflitos”, disse, acrescentado que “as famílias camponesas envolvidas devem legalizar os terrenos para evitarem conflitos do género”.
O fundador da associação de camponeses, Sebastião dos Santos, e considerado patriarca das famílias afectadas, confirmou que a empresa em questão cumpriu com os acordos celebrados entre as partes. “A minha vida começou nestas terras de Capocolo em 1980, criei e eduquei a minha família com os produtos deste campo agrícola, e jamais poderia esquecer tudo que lá deixei”, lembrou.
Uma história de vida
Na década de 80, Sebastião dos Santos, ainda jovem, proveniente da comunidade de Cabaça, chegou à região de Copacolo, 15 quilómetros da sede municipal do Lucala, com o propósito de encontrar uma oportunidade de trabalho no ramo agrícola.
Na altura, viu o sonho a tornar-se realidade quando lhe foi permitido, conjuntamente com alguns companheiros, a ocupação de espaços em Capacala, para a agricultura. O local é o actual perímetro irrigado de Cacala.
Ao longo dos 38 anos, Sebastião dos Santos, conta que teve momentos altos e baixos em relação a produção, devido ao conflito armado e o fraco poder financeiro, o que o levou a fazer poucos investimentos nos 15 hecteres e não legalizar o terreno em seu nome.
Para melhor aproveitamento do espaço, criou uma cooperativa composta por 35 famílias, na qual integram viúvas e jovens, que se dedicam a agricultura de subsistência.
O latifundiário disse que, o sonho de ter uma velhice tranquila começou a tornar-se pesadelo há três anos, com o surgimento da empresa Lucalagro que tentou usurpar o terreno , alegando que pretendia desenvolver agricultura mecanizada em grande escala no local.
“Inicialmente a empresa tentou negociar o espaço, prometendo dar-nos um outro no mesmo perímetro já mecanizado e algumas benesses, mas recusei a proposta por achar inconveniente, pois d meu espaço já possuia mantimentos que plantei durante anos”, contou Sebastião Paulo.
“Fiquei agastado”, prosseguiu, “quando responsáveis da Lucalagro alegava que possuía documentos legais de titularidade de 1.400 hecatres do terreno. Foi a partir desta altura que o conflito despoletou enttre as duas partes”.
“Inicialmente a empresa tentou negociar o espaço, prometendo darnos um outro no mesmo perímetro já mecanizado e algumas benesses, mas recusei a proposta por achar inconveniente”