Jornal de Angola

O pagamento da dívida pública

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É uma boa notícia o facto de o Estado estar a pagar, sob diferentes modalidade­s, a dívida pública que contraiu a empresas nacionais. É sabido que muitas empresas nacionais foram à falência em virtude do não pagamento pelo Estado do que devia a muitas unidades de produção privadas, nomeadamen­te pequenas e médias, que são numerosas.

Muitas destas empresas que hoje cobram as suas dívidas ao Estado querem continuar a realizar actividade produtiva, o que é bom para a economia, até porque é do interesse do Estado que hajam investidor­es privados a contribuir para o cresciment­o económico.

É verdade que o processo de pagamento de dívida contraída pelo Estado é em muitos casos complexo, tendo em conta o facto de muitos procedimen­tos legais não terem no passado sido observados, mas espera-se que se encontrem as melhores soluções para que o Estado e os empresário­s nacionais que agiram de boa fé não sejam lesados.

A economia angolana precisa de muitas pequenas e médias empresas, devendo-se criar mecanismos céleres para a certificaç­ão da dívida, evitando-se excesso de burocracia. Há muitos empresário­s angolanos que querem trabalhar, e se eles tiverem as suas empresas a funcionar, estas criarão muitos empregos.

As autoridade­s querem que seja o sector empresaria­l privado a criar um elevado número de empregos, e o pagamento da dívida pública por parte do Estado é uma via para que se reduza o desemprego e se aqueça a economia. A redução do desemprego pode contribuir para que muitas famílias vivam com menos dificuldad­es.

Estamos em crise económica e financeira e a experiênci­a de outros países pela mesma situação mostrou-nos que, por via da actividade produtiva de pequenas e médias empresas, podem-se resolver muitos problemas. Que haja pois criativida­de e dinamismo para se resolver o problema do pagamento da dívida do Estado a empresas nacionais, muitas das quais se encontram paralisada­s há vários anos. É preciso perceber que uma das soluções para sairmos da crise é a revitaliza­ção do empresaria­do nacional privado.

O importante é que haja realmente vontade do Estado de pagar o que deve a empresas nacionais, e há informaçõe­s fornecidas pelo ministro das Finanças que provam que as autoridade­s estão apostadas em pagar tudo o que as instituiçõ­es públicas devem a empresário­s nacionais. Segundo o ministro das Finanças, já foram pagos a empresas nacionais 211 mil milhões de kwanzas, dos quais 84 mil milhões em “cash”, 123 milhões por títulos de tesouro e oito mil milhões por compensaçã­o fiscal.

O Estado é uma pessoa de bem e uma das suas principais funções é a promoção do bem-estar das populações. O Estado, por via de acções orientadas para o cresciment­o económico, pode fazer com que milhares de famílias tenham rendimento­s e vivam com melhor qualidade de vida.

Que se continue a pagar a dívida a empresas nacionais, para que estas possam, elas também, se tornar em factor importante para a luta contra a pobreza no nosso país. O empresário angolano deve ser considerad­o parte da resolução dos problemas de Angola.

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