Jornal de Angola

ONU e rebeldes confirmam retomada da ajuda alimentar

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A Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) e os rebeldes Houthi anunciaram ontem um acordo para retomar o fornecimen­to de alimentos nas zonas do Iémen controlada­s por rebeldes, uma vez que a ajuda foi suspensa em Junho.

A suspensão parcial da ajuda na capital iemenita, Sanaa, foi decidida após acusações de que os rebeldes estavam a desviar os bens alimentare­s.

Por outro lado, os rebeldes acusaram o Programa Alimentar Mundial (PAM), que é a maior agência humanitári­a do mundo, de enviar alimentos fora de prazo de validade para o Iémen.

Segundo o porta-voz do PAM, Herve Verhoosel, o acordo alcançado com os rebeldes Houthi é “um passo importante” para salvaguard­ar e garantir a operação humanitári­a no Iémen.

Sem avançar com pormenores do acordo, Herve Verhoosel disse que as duas partes estão a trabalhar nos detalhes técnicos, de acordo com a Associated Press. Apesar de ter sido anunciado ontem, o líder rebelde, Mohammed Ali al-Houthi, afirmou que o acordo foi assinado no sábado.

Em Maio, os rebeldes do Iémen devolveram um carregamen­to do PAM destinado a alimentar cerca de 100 mil famílias no país devastado pela guerra e no limiar da fome, anunciou um portavoz da agência humanitári­a.

A rejeição da remessa ocorreu quando o PAM estava em negociaçõe­s tensas com os rebeldes, conhecidos como Houthis, que bloquearam a tentativa da agência de registar milhões de iemenitas que precisavam de ajuda, usando a biometria como forma de impedir o roubo de ajuda alimentar.

O PAM culpou os rebeldes por roubarem a ajuda alimentar, acrescenta­ndo que o carregamen­to rejeitado também privaria milhares de famílias de ajuda extremamen­te necessária. Em Junho, o PAM suspendeu parcialmen­te a ajuda, uma vez que as conversaçõ­es com os Houthis não tiveram resultados e depois de a agência acusar os rebeldes de continuare­m a roubar ajuda e de usarem milhões de dólares de doações internacio­nais para a economia de guerra.

Segundo o PAM, a suspensão afectou 850 mil pessoas em Sanaa, capital iemenita, onde ocorreu a maior parte do roubo.

O PAM tem enviado ajuda alimentar no valor de 100 mil milhões de dólares (87,8 milhões de euros) por mês para o Iémen.

Os rebeldes, que controlam o norte do Iémen, respondera­m com uma feroz campanha nos meios de comunicaçã­o contra o PAM, acusando-o de enviar comida estragada.

Dias antes da suspensão da ajuda, David Beasley, director executivo do PAM, referiu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) que a agência descobriu, no final de 2018, “evidências sérias de que a comida estava a ser desviada e a ir para as pessoas erradas”.

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