FMI elogia empresário angolano Mello Xavier
A cervejeira Rosema, do empresário Mello Xavier, entregou já perto de 160 mil euros de impostos ao Estado são-tomense e mereceu elogios da representante do FMI para São Tomé e Príncipe, Xiangming Li, que visitou a fábrica na semana passada.
Quase mês e meio após receber de volta a cervejeira, depois de oito anos ilegalmente sob controlo de um grupo de empresários sãotomenses (com conivência do Governo à época, liderado por Patrice Trovoada), Mello Xavier conseguiu, com a mesma linha de produção, contribuir para os cofres do Estado com mais de 160 mil euros num único mês, o que não acontecia durante a gestão passada.
A maior fábrica do país, a cervejeira Rosema contribuiu assim com uma “parte significativa” para o salário da função pública em São Tomé e Príncipe. O empresário Mello Xavier garante que o objectivo é resgatar o prestígio da fábrica, que já chegou a contribuir com a totalidade dos salários públicos no país.
Mello Xavier prepara, ainda para este ano, a entrada em funcionamento da segunda linha de enchimento com uma capacidade de 30 mil garrafas por hora, cinco vezes a produção actual, que é de seis mil. A fábrica deixou também de importar garrafas da Europa, preferindo abastecer-se da Vidrul, de Angola.
“Estamos também a contribuir para o aumento das exportações angolanas e a diversificação das receitas de Angola”, disse o empresário em declarações ao Jornal de Angola, sublinhando que existe, entre os dois países, um Acordo de Protecção recíproca de investimentos que não estava a ser cumprido pelo anterior Governo são-tomense. Os investimentos de Mello Xavier ocorrem numa altura em que, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, São Tomé e Príncipe precisa melhorar “o nível das receitas” bem como “racionalizar as despesas”.
O FMI acusou o Governo do ex-Primeiro-Ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, de ter escondido várias dívidas e despesas. De acordo com aquela organização, as ocultações levaram o país a uma situação de endividamento “praticamente descontrolada” e antecipam tempos difíceis que os são-tomenses terão que enfrentar.
A Rosema é a única cervejeira de São Tomé e Príncipe. Construída pelos alemães da ex-RDA, a fábrica viria a ser vendida, em concurso público supervisionado pelo Banco Mundial, pelo Governo são-tomense na década de 1980, totalmente saqueada e paralisada.
Mello Xavier venceu o concurso, através da empresa angolana Ridux, de que é proprietário em sociedade com a mulher, de nacionalidade portuguesa, e pôs em prática um plano que culminou com a recuperação e entrada em funcionamento da cervejeira.
Em 2009, o contencioso entre a empresa JAR e a Ridux levou o Tribunal Marítimo de Luanda a solicitar ao Supremo Tribunal de São Tomé a penhora das acções da Rosema. Meses depois, o Tribunal Marítimo de Luanda viria a devolver a Mello Xavier o direito de propriedade da cervejeira, anulando a penhora.
Lançamento comemorativo
A Rosema lança hoje, em homenagem aos 83 anos de Manuel Pinto da Costa, fundador da Nação são-tomense, a nova imagem da cerveja, que durante vários anos chegava ao público sem rótulos e em garrafas envelhecidas. “Queremos mostrar o trabalho de modernização que estamos a fazer”, disse Mello Xavier, destacando a normalização do pagamento dos salários e a reposição da segurança social dos trabalhadores, além da retoma da responsabilidade social, com o apoio a crianças e camadas mais desfavorecidas da região.