Sarampo e realidade
O olhar distante e rosto carregado expressam o sentimento maternal de Linda Cagi, com o filho ao colo. Diagnosticado com sarampo, o menino foi internado de urgência numa das enfermarias do Centro Médico da Vila de Cazage.
A notificação de três casos de sarampo, quatro anos depois da sua erradicação, colocou em alerta as autoridades locais da Saúde. Segundo apurou o Jornal
de Angola, a resposta consistiu na realização de uma campanha de bloqueio, para evitar o alastramento da doença no seio dos mais de 5.560 habitantes.
Segundo o director comunal do sector, Alberto Sampaio, “o pior é que familiares de dois dos menores afectados pela doença optaram pelo tratamento tradicional, que consiste em massagens e infusões preparadas com batata rena e outros produtos. Isso acontece, porque os familiares acreditam que a vacina debilita a saúde das crianças”.
A administradora de Cazage destacou, no seu informe, as dificuldades de cobertura sanitária, por falta de médicos e enfermeiros.
A responsável fez igualmente alusão à carência de equipamento hospitalar e medicamentos, em dois centros e três postos médicos instalados no território sob sua jurisdição. A falta de residências para acomodar os técnicos tem sido outro constrangimento que limita a eficácia da assistência médica à comunidade.
Fernanda Madalena Abreu alertou para a necessidade de melhoria significativa da rede de energia eléctrica, que teria impacto positivo noutros serviços. A localidade beneficia de energia eléctrica por apenas quatro horas diárias, face à limitação de verbas para suportar encargos de manutenção, compra e transporte de combustíveis e lubrificantes.
Ao contrário, o abastecimento de água potável tem sido regular e muito aplaudido pelos habitantes da sede. O fornecimento do “líquido precioso” é favorecido pela abertura de furos e instalação de sistemas que funcionam com painéis solares. No entanto, o cenário da sede é oposto à realidade vivida por seis comunidades.
Em vários pontos da comuna, as vias de ligação com a sede clamam por reabilitação e instalação de pontes, a exemplo de Nambaca, onde a circulação é favorável apenas no tempo seco.
No quadro da reunificação de nove aldeias, as autoridades precisam de 4 mil e 520 chapas de zinco, para os 226 chefes de família edificarem casas, além de infraestruturas sociais básicas.