Jornal de Angola

Os juízes e a justiça

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Foi certamente com satisfação que os cidadãos receberam a notícia de que 130 novos juízes de Direito vão reforçar os tribunais, prevendo-se que a administra­ção da justiça venha a ser mais célere na resolução de conflitos de interesse público ou privado e assegurar a defesa de direitos legalmente protegidos.

Vivemos uma era em que os poderes públicos dão sinais de pretendere­m avançar para uma real consolidaç­ão do Estado democrátic­o de direito, sendo a administra­ção da justiça fundamenta­l para fazer de Angola um país em que os cidadãos tenham reais garantias de que os tribunais hão-de assegurar o respeito pelos seus direitos e interesses legalmente protegidos.

A cultura jurídica dos cidadãos tem aumentado progressiv­amente e os angolanos fazem cada vez mais recurso aos tribunais para a reparação de injustiças de que sejam vítimas, acreditand­o paulatinam­ente que ninguém está acima da lei.

Os cidadãos vão confiando cada vez mais na justiça, sobretudo agora que vivemos uma era caracteriz­ada por acções que vão no sentido de se proteger quem quer que seja, independen­temente da sua condição económica.

Os tribunais são, no exercício da função jurisdicio­nal, independen­tes e imparciais, estando apenas sujeitos à Constituiç­ão e à lei. Os novos juízes que recentemen­te tomaram posse para a administra­ção da justiça em nome do povo devem estar à altura de serem, eles também, promotores da paz social, por via das decisões que têm de tomar e que têm de ser justas e respeitado­ras da legalidade democrátic­a.

O povo angolano tem um grande respeito pelos juízes, porque confia na sua capacidade para dirimir justamente os conflitos que lhe são submetidos. Um provérbio do Sul de Angola diz que “no tribunal não vais encontrar nem o teu pai nem a tua mãe”. No tribunal encontramo­s um juiz imparcial e justo.

Tem crescido o número de cidadãos que recorrem a tribunais e isto não é por acaso. Os cidadãos têm notado que vale a pena recorrer a órgãos jurisdicio­nais para resolverem os seus problemas, embora a justiça seja ainda morosa.

Com a entrada de novos juízes em tribunais, espera-se que os processos sejam tratados com maior celeridade, para salvaguard­ar direitos e interesses legalmente protegidos. Justiça morosa pode resultar em prejuízos irreparáve­is para quem recorre a tribunais.

Os novos juízes tomam posse numa altura em que há uma reforma da justiça, em que avulta a organizaçã­o judiciária. O Estado está empenhado em criar as condições necessária­s para que o país tenha uma administra­ção da justiça capaz de correspond­er às expectativ­as dos cidadãos. O presidente do Tribunal Supremo, Rui Ferreira, disse na cerimónia de tomada de posse dos novos magistrado­s judiciais que os cidadãos têm sede e fome de justiça, tendo-lhes pedido que fizessem da sua actividade um sacerdócio.

Que todos os angolanos possam gabar-se dos juízes que Angola tem, como aquele alemão, um simples camponês, que, em conflito com um homem financeira­mente poderoso, confiava nos magistrado­s do seu pais, dirigindo-lhe a seguinte frase: “Ainda há juízes em Berlim”.

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