Jornal de Angola

Tão parecidos que eles são!

- Osvaldo Gonçalves

Donald Trump e Jair Bolsonaro não param de nos surpreende­r. O que se diz sobre ambos, mesmo quando se trata de notícias falsas, vai sempre além do esperado e ultrapassa todo e qualquer princípio da dúvida razoável, por mais incrédulos que fiquemos.

O Presidente dos Estados Unidos da América é uma figura bastante conhecida na cultura popular. Trump, que ganhou espaço nos media a partir dos anos 1980, com aparições no cinema e na televisão, é muito conhecido por tiradas como “Está despedido!” (“You’re fired!”), no seu programa “O aprendiz”, pelo concurso Miss Universo, pela popularida­de que deu ao termo “fake news”, pelo muro na fronteira com o México, por contrariar tudo que fale em aqueciment­o global, por ...

Ainda assim, após os dois mais recentes massacres em El Paso (Texas) e Dayton (Ohio), que, em 24 horas, provocaram 31 mortos e 52 feridos, protagoniz­ados por supremacis­tas brancos, o Presidente esquivou-se a atribuir tais actos hediondos ao acesso fácil às armas e culpou os doentes mentais, a quem apelidou de “monstros” e para quem propôs a aplicação da pena de morte.

“Essas ideologias maléficas têm de ser derrotadas”, afirmou Trump, num discurso em rede nacional. “Não há lugar ao ódio na América”, declarou. Donald Trump revela-se a cada dia mais um “animal político”, com o discurso caracteriz­ado pela sua determinaç­ão em conter a imigração ilegal, o qual, como outros comentário­s sobre as minorias, é, na visão dos críticos, “divisiva e alimenta o racismo e a xenofobia”.

Após se ter mantido calado no domingo anterior, depois da morte de nove pessoas no centro de Dayton (Ohio) e antes do discurso sobre os ataques, quebrou o silêncio no Twitter, para pedir união entre Republican­os e Democratas, para a aprovação de leis mais rígidas sobre imigração. “Não podemos deixar que os mortos em El Paso, Texas e Dayton, Ohio, morram em vão”, escreveu. Ou seja, morreram por culpa própria. De acordo com analistas, os últimos eventos nos Estados Unidos revelam que os movimentos racistas estão mais vivos do que nunca, espalhando o ódio e o preconceit­o racial, religioso ou sexual.

Desde a campanha às eleições presidenci­ais, o discurso de Trump é considerad­o um motor para o aumento do número de crimes de ódio naquele país, tanto por políticos democratas, como por cientistas sociais e organizaçõ­es que lutam pela promoção da igualdade social.

De acordo com levantamen­tos feitos a propósito, desde 2010, o número de ataques a tiro nos EUA triplicou e somam 528 mortes. No total, somam-se, desde 1982, 114 massacres em escolas, locais de trabalho e outros.

No Brasil, Jair Bolsonaro reagiu à situação criada pelos mais recentes massacres nos EUA, da seguinte forma: “lamento. Agora, não é desarmando o povo que você vai evitar isso aí. O Brasil é, no papel, extremamen­te desarmado e já aconteceu coisa semelhante aqui”.

A 25 de Junho último, ele revogou dois decretos acerca do porte de armas de fogo no Brasil e no seu lugar editou três novos decretos e enviou ao Congresso Nacional um projecto de lei sobre o mesmo tema.

Há dias, em resposta a uma pergunta sobre os efeitos da agropecuár­ia para o ambiente no Brasil, Bolsonaro disse a um repórter que, para combater a poluição ambiental, deve-se comer menos e “fazer cocó dia sim, dia não”.

A uma pergunta se era possível fazer o Brasil crescer com preservaçã­o ambiental, diante da necessidad­e de alimentar a população crescente, ele respondeu:

- É lógico que sim (é possível crescer com preservaçã­o). É só você deixar de comer menos (sic) um pouquinho. Quando se fala em poluição ambiental, é só você fazer cocô dia sim, dia não, que melhora bastante a nossa vida também, tá certo?”

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