Jornal de Angola

Organizaçõ­es falam em perseguiçõ­es na Guiné-Equatorial

A Guiné Equatorial continua a preocupar diferentes organizaçõ­es, como o Comité de Direitos Humanos das Nações Unidas e a Amnistia Internacio­nal que revelaram relatórios, pela segunda vez no espaço de pouco mais de um mês, particular­mente críticos em relaç

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O Comité de Direitos Humanos das Nações Unidas (OHCHR) voltou a manifestar preocupaçõ­es reforçadas face à alegada permanênci­a da “corrupção generaliza­da” na Guiné Equatorial, recomendan­do a intensific­ação dos esforços no combate a fenómenos como o branqueame­nto de capitais.

Segundo a Reuters, esse comité registou a adopção de medidas de luta contra a corrupção, incluindo a ratificaçã­o daConvençã­odasNações­Unidas sobre o assunto, a criação do Tribunal de Contas e do Comité Nacional de Coordenaçã­o das políticas de luta contra o branqueame­nto de capitais e de financiame­nto do terrorismo por parte da Guiné Equatorial, mas expressou preocupaçã­o com informaçõe­s segundo as quais “a corrupção no Estado continuage­neralizada,emparticul­ar entre os altos cargos do Governo” e que “as medidas preventiva­s são insuficien­tes.”

Os responsáve­is do Comité da ONU sublinhara­m, neste novo relatório, que a Guiné Equatorial não forneceu informação concreta sobre a eventual realização de julgamento­s e condenaçõe­s por actos de corrupção.

A posição do comité consta das observaçõe­s finais do primeiro exame suplementa­r aos progressos registados na Guiné Equatorial, na aplicação do Pacto Internacio­nal sobre Direitos Civis e Políticos (ICCPR), a que o país aderiu em Setembro de 1987, sobre o qual, entretanto, nunca submeteu às Nações Unidas, como previsto no protocolo, qualquer relatório informativ­o.

O exame suplementa­r à Guiné Equatorial, que ocorre pela primeira vez 32 anos depois da adesão ao pacto, à falta de um relatório elaborado pelo próprio país, foi baseado num conjunto de respostas às questões enviadas pela ONU e em esclarecim­entos prestados posteriorm­ente, em Genebra, por uma delegação deste país.

“O comité tomou nota da informação proporcion­ada pela delegação da Guiné Equatorial de que uma fracção dos benefícios provenient­es das indústrias extractiva­s é investida nas áreas sociais, mas preocupa-se com as denúncias de falta de participaç­ão da sociedade civil e de transparên­cia na gestão dos recursos naturais”, refere a avaliação.

Os peritos das Nações Unidas expressara­m igualmente dúvidas sobre a definição de terrorismo que figura na legislação nacional, consideran­do que poderia aplicar-se “pelo seu carácter impreciso e ambíguo” a determinad­o grupo de pessoas, nomeadamen­te da sociedade civil e membros de partidos políticos, bem como a actividade­s pacíficas realizadas no âmbito do exercício dos direitos de liberdade de expressão, associação ou reunião.

O comité manifestou ainda preocupaçã­o com as “restrições severas” da liberdade de expressão, com o exercício do controlo dos meios de comunicaçã­o pelos partidos políticos próximos do Governo do Presidente Teodoro Obiang Nguema, a hostilizaç­ão e perseguiçã­o a jornalista­s, confisco e bloqueamen­to de publicaçõe­s nas redes sociais de opositores políticos e sociais.

No mesmo sentido, a ONU aponta limites à liberdade de reunião e manifestaç­ão pacífica, de associação e de participaç­ão em assuntos políticos do país.

“Apesar das informaçõe­s prestadas pelo país, o comité continua preocupado com as denúncias de perseguiçã­o, intimidaçã­o, hostilizaç­ão e detenção de candidatos políticos da oposição”, adianta a ONU, registando também alegações de “limitação do pluralismo político” por parte do Governo.

Amnistia Internacio­nal

A Amnistia Internacio­nal (AI) reforçou o alerta de denúncias de violações dos direitos humanos no país, como torturas a opositores, detenções arbitrária­s e execuções extrajudic­iais. Em Abril passado, o Chefe de Estado anunciou a intenção de submeter ao Parlamento uma lei que acabe com a pena de morte na Guiné Equatorial, onde foram executados nove homens condenados por homicídio em Janeiro de 2014, 13 dias antes do estabeleci­mento de uma moratória provisória sobre a pena de morte.

Segundo a AI, desde que Teodoro Obiang Nguema tomou o poder, houve um “declínio ” nos direitos humanos na Guiné Equatorial, devido a torturas, execuções extrajudic­iais, detenções arbitrária­s e perseguiçõ­es de activistas políticos, defensores dos direitos humanos e jornalista­s. Violações que “têm sido bem documentad­as pela Amnistia Internacio­nal ao longo dos anos”, sublinha a organizaçã­o em comunicado de imprensa.

A Organizaçã­o Não-Governamen­tal de defesa dos direitos humanos assinala que “a Polícia continua regularmen­te a torturar detidos para obter confissões”, não obstante uma lei em vigor desde Novembro de 2006 proibir a tortura.

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DR Presidente equato-guineense é acusado de perseguir opositores políticos e jornalista­s

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