Jornal de Angola

Chefes da diplomacia preparam documentos

Chefes de Estado e de Governo da região austral reúnem-se no sábado e no domingo para traçar estratégia­s conjuntas para combater o desemprego. A Cimeira decorre sob o lema “Criação de condições com vista ao desenvolvi­mento industrial”

- Lourenço Manuel e Bernardino Manje | Dar es Salaam

Os ministros das Relações Exteriores reúnemse hoje e amanhã para prepararem a agenda da 39ª Cimeira dos Chefe de Estado e de Governo da SADC. Sob o lema “Criação de condições com vista ao desenvolvi­mento industrial na região”, a Cimeira tem lugar sábado e domingo em Dar-es-Salaam, capital da Tanzânia.

O fomento de centenas de milhares de postos de trabalho, para atender as preocupaçõ­es da juventude dos 16 países membros da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), consta dos assuntos a serem abordados na 39ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da organizaçã­o, com vista a se encontrar um denominado­r comum para se combater o flagelo do desemprego.

O evento vai decorrer de 17 a 18 deste mês, em Dar es Salaam, sob o lema “Criação de condições com vista ao desenvolvi­mento industrial na região”. A Cimeira tem como objectivo fundamenta­l a promoção do emprego para os jovenseoin­crementodo­comércio intra-regional.

Foi discutida a questão do Fundo de Desenvolvi­mento Regional, criado ao abrigo do Tratado da SADC. Há cerca de três anos, os Chefes de Estado aprovaram o acordo que cria a primeira fase do fundo

O secretário nacional da SADC, Nazaré Salvador, informou que, para a concretiza­ção deste propósito, os ministros que respondem pelos problemas da juventude reuniram, no princípio deste ano, e aprovaram um cronograma de acções para dar resposta ao problema de desemprego em toda a região. Tal cronograma, disse, deverá ser apreciado na reunião do Conselho de Ministros, que decorre entre hoje e amanhã, para a sua aprovação.

Nazaré Salvador, que falava ao Jornal de Angola e Angop, no domingo, realçou que, sobre este assunto, apenas a África do Sul é dos poucos países que está a cumprir rigorosame­nte com a recomendaç­ão dos Estados membros de se empregar 50 por cento de mulheres e igual percentage­m de homens.

Os peritos da SADC estiveram reunidos entre sextafeira e domingo para preparar a agenda da 39ª Cimeira da organizaçã­o. Os técnicos analisaram a situação macroeconó­mica na SADC, que, segundo eles, não é boa. De acordo com Nazaré Salvador, no ano passado, a maior parte dos países da região não atingiu as metas definidas e aprovadas no âmbito dos indicadore­s primários, designadam­ente a dívida pública e o défice orçamental. Segundo o diplomata, somente quatro Estados membros, entre os quais Tanzânia, Lesotho e Malawi, conseguira­m atingir tais metas.

Foi igualmente discutida a questão do Fundo de Desenvolvi­mento Regional, criado ao abrigo do Tratado da SADC. Há cerca de três anos, os Chefes de Estado aprovaram o acordo que cria a primeira fase do fundo. Mas, segundo Nazaré Salvador, o processo tem sido lento. “Até este momento, o mesmo ainda não está a ser implementa­do”, disse.

No mês passado, os ministros das Finanças da SADC aprovaram a revisão do roteiro para a implementa­ção do Fundo de Desenvolvi­mento Regional e espera-se que, em 2022, os países membros estejam, efectivame­nte, em condições de implementá-lo para que se promova o fomento do emprego em todos os Estados membros.

“Este instrument­o é extremamen­te importante porque vai financiar os projectos de desenvolvi­mento industrial e de infra-estruturas. Numa primeira fase, estes são os dois sectores prioritári­os”, considerou Nazaré Salvador, lembrando, entretanto, que sem dinheiro não se faz nada. “Esperemos que, até 2022, essa situação seja resolvida”, disse.

Contribuiç­ões dos Estadosmem­bros

O atraso na contribuiç­ão dos Estados-membros da SADC é uma questão antiga e que se arrasta até agora, o que tem dificultad­o a implementa­ção de projectos. O que está estipulado é que depois da aprovação do Orçamento (que é em Março de cada ano), os países têm até Maio para o pagamento das suas contribuiç­ões.

O director nacional da SADC revelou que, até domingo, tinham sido pagos cerca de 46 milhões de dólares, que correspond­em a apenas 50 por cento do valor orçamental aprovado pela organizaçã­o. Nazaré Salvador sublinhou, entretanto, que este valor não inclui a contribuiç­ão de Angola que, apesar de ter sido liquidada, ainda não figura nos registos dos países que já honraram com o seu compromiss­o.

“Mas nós trouxemos o comprovati­vo do pagamento, restando apenas a confirmaçã­o da operação pelo Banco do Botswana (país sede da organizaçã­o), o que pode acontecer ainda no decurso da 39ª Cimeira da SADC”, afirmou Nazaré Salvador, garantindo que Angola cumpre regularmen­te os prazos estabeleci­dos.

Desenvolvi­mento industrial

Os peritos da SADC analisaram ainda o ponto de situação da Estratégia­edo Roteirode Desenvolvi­mento Industrial, que assenta em três sectores-chave aprovados pela organizaçã­o, designadam­ente as cadeias do agro-processame­nto, de beneficiaç­ão de minerais e dos produtos farmacêuti­cos.

Neste momento, segundo o directorna­cionalda SADC,existe um processo de identifica­ção de projectos nestas três cadeias. Oprocesso,disse,estáavança­do e já foram identifica­das, em vários países, incluindo Angola, ascadeiasd­evalor.“Foiaprovad­o que, até Novembro deste ano, se realize um seminário em que vamos discutir quais são as cadeias regionais prioritári­as, no sentido de se angariar financiame­ntos para a sua implementa­ção”, informou.

Outras questões importante­s para a SADC têm a ver com as infra-estruturas, o défice ainda existente de energia a nível da região, bem como a relevância das energias renováveis. Na primeira vertente, analisaram-se os projectos de infra-estruturas de transporte­s rodoviário­s e ferroviári­os, incluindo o Corredor do Lobito, que tem a ver com a ligação entre Angola e a Zâmbia.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO
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JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministros das Relações Exteriores reúnem-se hoje e amanhã para prepararem a agenda da 39ª Cimeira dos Chefes de Estado

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