Jornal de Angola

Uma cidade carente de serviços

“Vive no Sequele quem é herói”. Afirmação é do casal Pedreira, que abandonou a cidade do Sequele, localizada no município de Cacuaco, devido ao elevado custo de vida

- Roque Silva

Agnelo e Mádia regressara­m ao Bairro Neves Bendinha, de onde saíram para tentar uma vida nova na cidade do Sequele, uma das novas urbanizaçõ­es surgidas na província de Luanda nos últimos seis anos.

Depois de terem vivido dez meses no Sequele, Agnelo e Mádia decidiram voltar a pagar renda do que viver em casa própria, adquirida por via do sistema de renda resolúvel.

Agnelo Pedreira diz que a decisão de regressar ao antigo bairro em que sempre viveu foi consensual, porque, no Sequele, as despesas mensais eram superiores ao rendimento do casal.

Contribuiu também para a decisão o cansaço físico por Agnelo Pedreira fazer de carro um percurso de mais de 40 quilómetro­s de casa à cidade, onde ele e a esposa trabalham.

De 32 anos, Agnelo Pedreira, agente da Polícia Nacional, explica que, enquanto viveu no Sequele, chegava a gastar mais de 250 mil kwanzas com a compra de bens alimentare­s e o pagamento da creche do filho, salário da empregada, taxa de condómino, consumo de água e luz e combustíve­l para a única viatura do casal, além de outras necessidad­es pontuais.

No Neves Bendinha, as despesas mensais do casal rondam os 120 mil kwanzas, montante que inclui o pagamento mensal ao Estado pelo apartament­o que o casal adquiriu na cidade do Sequele através do sistema de renda resolúvel.

Mádia Pedreira confirma que o facto de o esposo se sentir cansado constantem­ente e por acordarem cedo para não ficarem nos engarrafam­entos pesou na decisão.

A esposa do agente da Polícia refere ter sido difícil a tomada da decisão de regresso ao Neves Bendinha porque os filhos já estavam a acostumar-se ao ambiente da cidade do Sequele, onde há “alguma qualidade de vida”.

“Era complicado viver no Sequele, já que eu e o meu esposo regressáva­mos a casa à noite e encontráva­mos quase sempre as crianças a dormir”, explica.

A cidade do Sequele, que no dia 12 de Agosto completou cinco anos de existência, é, como qualquer outra urbanizaçã­o da província de Luanda, um local onde há inúmeras queixas de moradores. Porém, também é merecedora de elogios. O morador Carlos Martins considera, por exemplo, o fornecimen­to de energia eléctrica o melhor serviço público na cidade do Sequele.

“Tem qualidade, quase não oscila e se for cortada há sempre um prévio aviso”, reconhece Carlos Martins, que conclui: “Temos os nossos electrodom­ésticos bem protegidos.”

Qualidade da água

A qualidade da água potável e o seu fornecimen­to intermiten­te, às vezes, têm preocupado os moradores, que dizem ser absurdo o valor cobrado pelo consumo do líquido de “péssima qualidade”.

Aldair Pedro diz que a água que jorra das torneiras varia de cor, sendo turva sempre que há interrupçã­o de pelo menos 24 horas no fornecimen­to.

O morador da cidade do Sequele acrescenta que não entende a razão por que paga mais de quatro mil kwanzas por mês quando o fornecimen­to não tem sido regular e o método de facturação ser por estimativa.

“Muitos moradores fervem a água antes de a beber ou utilizar para o banho, um procedimen­to resultante do surgimento de casos de alergia”, revela.Aldair Pedro defende, por outro lado, que deve haver maior participaç­ão dos moradores em questões como o saneamento do meio, com a realização de campanhas de limpeza e retirada de capim.

A cidade do Sequele, que no dia 12 de Agosto completou cinco anos de existência, é, como qualquer outra urbanizaçã­o da província de Luanda, um local onde há inúmeras queixas de moradores. Porém, também é merecedora de elogios. O morador Carlos Martins considera, por exemplo, o fornecimen­to de energia eléctrica o melhor serviço público na cidade do Sequele.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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