Herança cultural angolana apresentada aos brasileiros
“Yakalakaya” é a denominação do projecto artístico do pesquisador angolano Júlio Janguinda Moniz “Cabuenha”, apresentado pela primeira vez no Brasil, com o intuito de mostrar os aspectos comuns na herança cultural dos dois povos.
Desde o espólio literário comum, à tradição oral, música e danças, o projecto, apresentado no Campus de São Francisco do Conde, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), na semana passada, procura criar uma “ponte cultural” e estabelecer parcerias.
O director da Casa de Angola na Bahia, Benjamim Sabby, considerou o projecto uma mais-valia na relação entre os dois países, por ajudar a aproximar mais duas culturas que têm muitos traços comuns nas tradições.
Embora o projecto seja assente numa performance, que estreou, em 2016, no Teatro Elinga, em Luanda, e já tenha sido apresentado em Portugal, Cabo Verde, República Checa e Dubai, mostra, para Benjamim Sabby, a importância de se fazer, regularmente, um olhar artístico em torno da tradição e cultura angolanas, tendo em conta os traços identitários comuns com as de outras regiões. “É uma forma de valorização, protecção e de dar maior divulgação à herança cultural nacional”, disse.
O projecto, enalteceu Benjamim Sabby, tem ajudado bastante a promover o conhecimento das raízes e ritmos angolanos, inclusivé outras manifestações ligadas às tradições africanas, como as técnicas de luta. “É o cruzamento de várias comunidades, convivendo e absorvendo diversas manifestações culturais apresentadas através de uma performance, que expressa a diversidade cultural dos vários povos de Angola”, justificou.
Natural de Luanda, Júlio Janguinda Moniz é um capoeirista profissional. Em 1998, participou no I Encontro Africano de Capoeira. No ano seguinte, foi viver em Portugal. Em 2006, regressou a Angola e decidiu dar aulas de capoeira em diversas províncias, onde aproveitou fazer uma investigação sobre as manifestações culturais destas regiões.