Empresas da energia e águas estão de fora
O Programa de Privatizações (Propriv), apresentado durante a semana pelo Governo, em Luanda, deixou de fora as empresas do sector da Energia e Águas, algo que causa apreensões na Empresa Nacional de Construções Eléctricas (Encel), uma companhia de capitais públicos onde o processo de passagem de mãos “está tecnicamente concluído”, soube o Jornal de Angola.
O director-geral da Encel declarou, contactado pela nossa reportagem, não conhecer as razões da manutenção dessas empresas na esfera do Estado ao longo deste processo em que o Estado alistou 195 empresas para a privatização, assumida como uma grande aposta no quadro das reformas económicas em curso no país.
Daniel Simas indicou que, no caso da Encel, empresa ligada à construção de instalações eléctricas, o processo para a privatização “está concluído”, depois da empresa de consultoria KPMG, seleccionada num concurso limitado, ter feito uma avaliação patrimonial e terem sido vistas as propostas de interesses de várias entidades privadas interessadas.
A explicação pode residir em que a lista das privatizações pode não estar ainda completa, disse Daniel Simas que, sem avançar o valor actual da Encel, algo remeteu à comissão de negociações, referiu que tem um património “considerável”, traduzido em infra-estruturas, instalações fabris, armazéns e algum equipamento incorporado na actividade normal da empresa.
“Temos um património razoável, mas a empresa precisa de captar investimentos importantes para a actualização tecnológica de algumas das suas áreas, pois o resto, o mercado irá se encarregar de gerir”, sublinhou.
Menos oportunidades
Afirmou que a Encel aguarda pela privatização há 28 anos, um período em que aumentou a concorrência, com a abertura do mercado. “Há 10 ou 15 anos, havia talvez três empresas como a Encel no mercado, contra 50 actualmente”, adiantou, notando que a maioria dos investimentos da empresa em curso são feitos com uma linha de financiamento da China, onde as empresas nacionais são muitas vezes preteridas.
Daniel Simas lamentou o facto de, para as obras realizadas em 2018, em Luanda, Benguela e Cabinda, totalizando 800 milhões de dólares (cifra de um Conselho Consultivo do Ministério da Energia e Águas realizado em Luanda), a Encel não ter sido convidada, apesar de uma presença sólida há vários anos.
A falta de investimentos na Encel tem reflexos significativos na facturação da empresa, que, de 800 milhões de kwanzas, em 2010, caiu para 300 milhões, no ano passado.
Na Encel, segundo o director-geral, uma privatização manteria garantidos os direitos dos trabalhadores, ao contrário do que acontece agora, quando a empresa deixou de receber investimentos intensivos do Estado, dificultando a manutenção dos equipamentos de produção em funcionamento.